A inflação, medida pelo IPCA do IBGE está em queda. Após descer a 2,95% em 2017, acumulou 2,68% nos 12 meses terminados em março. O alívio dos preços, vindo da alimentação, derrubou o índice do setor de serviços para 3,95% em março, após três anos em dois dígitos. Mas a onda de baixa de preços e de custos, inclusive dos juros básicos (que caíram de 14,25% ao ano, no fim de 2016, para 6,50% ao ano em março), parece passar ao largo dos planos de saúde. E pode trazer dor de cabeça a 8 milhões de segurados de novos planos individuais.
As discussões sobre os reajustes dos planos de saúde individuais (aplicados nos aniversários dos carnês, a partir de junho) racharam a diretoria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o mercado e administra os conflitos entre planos de saúde e empresas que contratam planos de assistência médica para 32 milhões de brasileiros, outras 6,4 milhões de pessoas envolvidos em planos de adesão (Clubes, associações), além de 9,2 milhões de planos individuais (8 milhões novos).
Pela redução da velocidade da inflação, esperava-se que o reajuste dos planos voltasse à casa de um dígito, que ocorreu em 2013 (9,04%, para uma inflação de 5,91%), em 2014 (9,65% para uma inflação de 6,41%). Em 2015, a inflação bateu em 10,67% e os planos foram reajustados em 13,55%, índice que subiu a 13,57% em 2016 (inflação de 6,29%) e em 2017, quando o IPCA baixou a 2,95%, mas a febre inflacionária dos planos de saúde permaneceu em 13,55%.
Para os 8 milhões dos novos planos individuais esperava-se a ação diligente da agência reguladora. Mas a diretoria da ANS está incompleta. O presidente foi substituído interinamente por Leandro Fonseca da Silva, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras e que ainda acumula interinamente a diretoria de Gestão. Três outros diretores compõem a diretoria.
A ANS tentou mudar a tradição de aceitar as planilhas de custos dos planos, expurgando excessos. Como fazem as agências que regulam as tarifas de transportes urbanos: examinam as planilhas dos concessionários e as homologam, cortando aberrações. Numa diretoria mais ampla e representativa, daria tempo a discussão mais técnica e capaz de proteger os que enfrentam dificuldades para bancar planos individuais sempre subindo acima da inflação e especialmente na faixa dos idosos, onde a tendência em todo o mundo é o aumento exponencial de custos no cuidado da saúde.
Mas o governo não deu atenção devida à questão. O Ministério da Fazenda dará a última palavra. Os planos de saúde querem repetir o número mágico de 13% de reajuste. Os salários vão subir de 3% a 4%. E o reajuste dos aposentados tende à faixa de 2%.