As comemorações pelos 70 anos de fundação de Israel estão se encerrando nesta quarta-feira (25), no Brasil com evento oficial no clube A Hebraica, na capital paulista. E, mesmo em meio às festividades, o país já pensa no futuro. A expectativa do governo, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Likud), é de que o Estado de Israel praticamente dobre o número de habitantes até 2048, ano de seu centenário.
O desafio é, diante de tensões nas fronteiras e uma população árabe significativa, manter o Estado democrático e socialmente desenvolvido. Superando o radicalismo de ambos os lados, em busca de um acordo que traga a tão esperada paz à região.
Neste momento, Israel ocupa a 16ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mantendo, dentro de um regime capitalista, cujo Produto Interno Bruto é de 318,5 bilhões de dólares anuais, conceitos socialistas, como seguro-desemprego, seguro-saúde (para todos os residentes), e educação gratuita até os 18 anos.
Pesquisa do Escritório Central de Estatísticas de Israel (ECEI – Central Bureau of Statistics), órgão governamental fundado em 1949, mostra que o desenvolvimento do país, sempre por etapas, atingiu vários de seus objetivos desde a fundação, em 1948, que foram implementados mesmo em meio a guerras e constantes conflitos com países e grupos vizinhos.
Um dos dados que ilustram tal evolução é o de que, em 1949, a expectativa de vida média dos homens era de 64,9 anos, enquanto a das mulheres era de 67,6. Em 2016, a média subiu para 80,6 em relação aos homens e chegou a 84,2 anos para as mulheres.
Isso se deve em grande parte a um desenvolvimento de pesquisas na área de saúde, nas quais o país é vanguarda, assim como em ciência e tecnologia, somado à busca de uma política de bem-estar social da população, que em 2015, segundo o FMI (Fundo Monetário internacional), teve uma renda per capita anual de 35,3 mil dólares em média (23ª colocação), contra 13,6 mil dólares do Brasil, por exemplo.
A pesquisa do governo aponta também que esse nível de desenvolvimento necessita, acima de tudo, de uma economia estruturada, algo que só pode se concretizar a partir dos anos 90, no governo do então primeiro-ministro Itzhak Rabin, que modernizou a infraestrutura do país. Tal impulso econômico deu margem para o governo lidar com as necessidades da população do país.
Atualmente, a população de Israel é de 8.842.000 pessoas, das quais 74,5% são judias, com 6,589 pessoas. Os árabes representam 20,9% da população, com 1,849 milhão de pessoas. Os outros 4,6% são representados por cristãos não-árabes e outros grupos étnicos, totalizando 404.000 cidadãos.
Desde 1948, a população de Israel aumentou em quase dez vezes. Era de 806.000 pessoas na ocasião. Nos últimos 12 meses, a população aumentou 1,9%. É com base neste ritmo que o governo tem como perspectiva chegar a 2048 com 15,2 milhões de habitantes em Israel, o que é um pouco menos do que o dobro da população atual.
Dos 11,5 milhões de judeus no mundo em 1948, 6% deles estavam em Israel. Hoje, esta proporção aumenta para 45% da população judaica mundial (de 14,51 milhões) morando no Estado judaico.
Apenas três cidades tinham população superior a 100.000 habitantes no ano da fundação do Estado. Em 2018 esse número saltou para 15 cidades com esse número de moradores, três a mais do que em 2008.
Enquanto países como a China fazem políticas para controle de natalidade, em Israel, de certa maneira, há uma tendência inversa. A taxa geral de fertilidade é de 3,11 filhos por mulher – a maior taxa de natalidade do Ocidente. A margem é ampla, acima da segunda maior taxa (do México, de 2,2 filhos por mulher) e da média da OCDE, que é de cerca de 1,7 por mulher.
Na população árabe, ao contrário do que se costuma pensar, a taxa de natalidade tem diminuído, passando de quase 6 filhos por mulher em 1980, para 4,35 em 1996 até chegar aos atuais 3,11 filhos por mulher.
Pragmatismo
O crescimento de Israel teve como base um conceito que transitou do socialismo, nas primeiras décadas, a um capitalismo similar à de algumas democracias europeias a partir dos anos 80.
Mas, mesmo dentro de um regime capitalista moderno, o espírito socialista dos kibutzim (tradicionais comunidades cooperativas) prevaleceu na identidade da população. Independentemente do fato desta morar, em sua grande maioria, em cidades modernas, contornadas por auto-estradas repletas de shoppings, condomínios, centros culturais e esportivos. Neste espírito, o interesse da sociedade, e, mais além, do país, está acima do individual.
A plena consciência da necessidade de um jovem servir o Exército, por exemplo, é uma delas. Outras podem ser vistas, por exemplo, no momento em que buzinadas indignadas se avolumarem quando um motorista faz uma ultrapassagem irregular, desobedecendo o código de trânsito e o interesse comum.
Neste sentido, o país tem aprendido cada vez mais a lidar com o o histórico das perseguições antissemitas, frequentes desde antes do surgimento do Império Romano, cujo ápice ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial, com a morte de seis milhões de judeus perseguidos pelo regime nazista na Alemanha.
Um sentido de pragmatismo acompanha a sociedade israelense desde a fundação de seu Estado, fazendo surgir, inclusive, a figura do novo judeu, nascido em Israel, que faz questão de ter um perfil muito mais firme e assertivo do que o bem mais passivo, segundo muitos deles, dos judeus europeus.
Injusta ou não, a pergunta que surge nesse debate (Haveria possibilidade de os judeus de alguma maneira se rebelarem diante dos nazistas?), no entanto, é o que menos importa, inclusive dentro da postura adotada pelo Estado judaico desde o seu nascimento: aprender com o passado para viver um presente e um futuro dignos, sem o medo da perseguição.
R7