O frio chegou há menos de uma semana, mas estes poucos dias gelados já foram o suficiente para aumentar a movimentação nos hospitais infantis.
No pronto-socorro do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o número de crianças atendidas com gripe ou pneumonia aumentou 70% com a chegada do frio.
De acordo com a pediatra Wylma Hossaka, coordenadora do Pronto-Socorro Infantil do Hospital BP, o aumento no número de casos não aconteceu só pela chegada do frio, mas também por uma mudança brusca e extrema nas condições climáticas.
Até a sexta-feira (18), o tempo estava quente e muito seco. O fim de semana trouxe o frio, a chuva e a umidade.
“Com o tempo seco, as crianças já estavam sofrendo, com a mucosa muito seca. As crianças que já têm asma ou outros problemas respiratórios não conseguem acompanhar essas mudanças bruscas, então essa chegada rápida da umidade acabou desencadeando as crises”, explica.
Isso também causa outro problema. Além do aumento no número de crianças doentes, os casos estão ficando mais graves, segundo a especialista.
No Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, nos primeiros 21 dias do mês de abril foram atendidas 200 crianças com gripe ou pneumonia, sendo que 30 precisaram ser internadas. No mesmo período do mês de maio, o número de atendimentos diminuiu, foram 182, mas o número de internações aumentou: 41 crianças precisaram ser hospitalizadas.
Vacina pode evitar aumento nos casos
A pediatra destaca outra mudança importante no perfil dos pacientes. “Antes, as crianças chegavam ao hospital infectadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), agora, o que se percebe, é uma mudança. Sai VSR e entra os vírus do tipo influenza. Muitas crianças chegam aqui infectadas por H1N1 ou H3N2”.
Apesar do aumento de crianças vítimas da influenza, a adesão à campanha de vacinação ainda é considerada baixa.
Em São Paulo, a meta é vacinar 675 mil crianças com menos de 5 anos. Até o momento, apenas 8,8% dessa meta foi atingido.
A vacina trivalente contra a influenza, que é aplicada gratuitamente nas unidades e postos de saúde, protege tanto contra os vírus H1N1 e H3N2 quanto contra o Influenza B, que também está circulando no Brasil.
“A gente não consegue entender por que há esta baixa adesão à vacina que protege contra a gripe. Certamente o aumento no número de casos é por isso. A vacina é de graça, os pais precisam levar os filhos”, alera a pediatra.
De acordo com o Ministério da Saúde, São Paulo é o estado com o maior número de casos de influenza no Brasil, junto com Goiás – desde o início do ano já foram registrados 44 casos em cada estado.
Em todo o país, o número de mortos pela doença, até o dia 12 de maio, é de 214 pessoas. Entre as vítimas, 22 são crianças com menos de 5 anos.
R7