A conclusão é de uma ampla pesquisa internacional que demonstrou que tratamento hormonal é tão eficiente quanto a quimioterapia para a maioria dos casos de tumores mamários que ainda não se espalharam pelo corpo.
“Poderemos poupar centenas de milhares de mulheres de um tratamento tóxico e agressivo que, na realidade, não as beneficia”, disse ao New York Times a médica Ingrid A. Mayer, da Vanderbilt University Medical Center, autora do estudo.
Conforme a pesquisadora, testes de genes em amostras de tumores são capazes de identificar quais mulheres podem abrir mão da quimioterapia com segurança, após passar por cirurgia, e usar somente drogas que bloqueiam a produção de estrogênio.
Atualmente, mulheres que recebem uma nota de baixo risco nesses testes são informadas de que não precisam fazer quimioterapia. As que recebem nota alta- pelo fato de os tumores serem de tipo mais agressivo- precisam fazer quimio.
Mas a maioria das pacientes recebe resultados intermediários e é aconselhada a fazer o tratamento agressivo, por via das dúvidas. Muitas vezes o a quimioterapia é combinada com o tratamento hormonal.
A pesquisa chamada TAILORx, que foi apresentada na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology), em Chicago, e publicada na New England Journal of Medicine, demonstrou que essas mulheres têm a mesma chance de sobrevivência com ou sem quimioterapia.
O percentual de sobrevivência após nove anos é de 93,9% sem quimioterapia e de 93,8% com a quimioterapia. O teste genético, para saber se o tratamento é necessário ou não, é feito em amostras de tumores de mama, após a retirada por cirurgia.
Só para câncer em estágio inicial
O resultado do estudo diz respeito apenas a câncer de mama no estágio inicial, ou seja, aquele que ainda pode ser tratado por terapia hormonal e que não se espalhou para os nódulos linfáticos, nem contém mutação no gene HER2, que faz com que o tumor cresça mais rapidamente.
Além disso, as mulheres devem ter recebido nota entre 11 e 25 num teste usado para medir a atividade dos genes presentes na reincidência do câncer.
“Todos os dias, mulheres com esse tipo de câncer de mama se veem diante do terrível dilema de decidir se vão ou não fazer o quimioterapia, sem ter dados suficientes e assertivos sobre resultados”, diz Rachel Rawson, da ONG Breast Cancer Care, voltada a pesquisas e tratamentos de câncer.
“(Essa pesquisa) é transformadora e uma ótima notícia já que poderá liberar milhares de mulheres da agonia da quimioterapia.”
Tumor que mais causa mortes no Brasil
No Brasil, o câncer de mama é o tumor que mais causa mortes entre as mulheres.
De acordo com o Grupo de Estudos do Câncer de Mama, por ano, em torno de 52.680 novos casos de tumor de mama são diagnosticados- 52 mulheres em cada 100 mil serão diagnosticadas com câncer de mama ao longo de suas vida. 13.000 pacientes morrem anualmente.
Esse tipo de câncer é relativamente raro antes dos 35 anos. Acima dessa idade, a incidência da doença cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca)
R7