A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta quarta-feira (13), uma nota pública alertando os médicos, a população e o governo brasileiro para a necessidade de “atenção redobrada” diante da detecção de um surto de pólio na Venezuela. No documento, a entidade orienta os pediatras a “estarem atentos aos possíveis casos de paralisia flácida aguda (poliomielite) e para a importância de sua adequada investigação”. As Américas completam este ano 27 anos sem casos de poliomielite causada por vírus selvagem. O último caso foi detectado em 1991 no Peru e, no Brasil, em 1990. O alerta decorre da divulgação, pela Sociedade Venezuelana de Saúde pública, no dia 7, da existência de casos de paralisia flácida aguda identificados no Estado de Delta Amacuro, na comunidade La Playita del Volcán, Parroquia Juán Millan, município de Tucupita, cujos habitantes pertencem à etnia indígena Warao. O primeiro caso acometeu uma criança de 2 anos e 10 meses, sem antecedentes de vacinação prévia que, após desenvolver o quadro de paralisia flácida aguda, teve identificado poliovírus vacinal tipo 3. Após a confirmação desse caso, a vigilância epidemiológica encontrou outras ocorrências de PFA recentes, também em crianças, em comunidade vizinha, que continuam sob investigação. Conforme a presidente da SBP, Luciana Rodrigues, a preocupação cresce pelo aumento do fluxo de refugiados venezuelanos pelas fronteiras brasileiras, em especial nos Estados brasileiros do Norte. Segundo ela, essa é uma situação que deve ser acompanhada de perto pelas autoridades, evitando-se o pânico, mas com a adoção de medidas eficazes para proteger a população brasileira. “A poliomielite é uma doença que deixou lembranças dolorosas. Foi corrente no Brasil e graças ao esforço conjunto de todos, com participação ativa dos pediatras, foi erradicada. Por isso, é preciso estar atentos e vigilantes para que ameaças externas não comprometam o bem estar do nosso povo”, disse. No alerta, a SBP defende a importância de se reforçar a “manutenção de elevadas e homogêneas coberturas vacinais para a poliomielite em nosso País (acima de 95%), com o intuito de mantê-lo livre da pólio até que a erradicação global seja alcançada”. Conforme o presidente do Departamento Científico de Imunologia, Renato Kfouri, a região onde foram relatados os casos de pólio é extremamente pobre, com condições de vida precárias e altas taxas de desnutrição e verminose, caracterizada por baixas coberturas vacinais e que, também vivencia, desde 2016, aumento nos casos de difteria, sarampo, malária e tuberculose. Desde o agravamento da crise no país vizinho, estima-se que entre 50 mil e 90 mil venezuelanos já migraram para o Brasil, a maioria para os Estados da região norte, vizinha à Venezuela.
Bahia Notícias