Uma dúvida recorrente entre os leitores do AutoPapo é se os bicos do sistema de injeção eletrônica de combustível, tecnicamente conhecidos como válvulas injetoras, devem passar por procedimento de limpeza: não e sim! Em determinadas situações, esse serviço pode ser necessário e surtir bons resultados. O que não existe é limpeza preventiva desses componentes. Não é raro muitas oficinas e até mesmo concessionárias ofereceram o serviço.
É o que explica o consultor técnico do Grupo Fiat-Chrysler Automobiles (FCA), Ricardo Dilser. “A FCA recomenda a verificação dos bicos injetores, para saber se eles estão com o mesmo volume, se o jato está no padrão, etc. Em alguns casos, pode ser recomendável fazer a limpeza sim. Mas a avaliação tem que ser criteriosa. Se o carro está funcionando bem, se não está apresentando perda de potência ou elevação de consumo, não precisa mexer”, esclarece.
A resposta de Dilser coincide com a da Bosch, empresa do ramo de autopeças que produz diversos componentes do sistema de alimentação de combustível, inclusive as válvulas injetoras. “A limpeza do bico injetor poderá ser realizada quando o motor estiver funcionando irregularmente,” explica o chefe do Centro de Treinamento Automotivo, Diego Riquero Tournier, da empresa.
Quando limpar os bicos?
O especialista da Bosch enumera alguns indícios que podem apontar a necessidade do serviço de limpeza dos bicos. “Caso ocorra uma restrição de fluxo de combustível pelos injetores, os sintomas percebidos pelo motorista são: falhas em aceleração, aumento do consumo de combustível, oscilações de rotação, incremento dos níveis de poluição e, em situação extrema, pode acender a lâmpada de diagnóstico no painel do veículo indicando falha no sistema de alimentação de combustível,” adverte.
“O serviço de limpeza de válvula de injeção, uma prática comum no mercado, que é realizada utilizando uma máquina de ultrassom, tem a função de desobstruir os orifícios desses componentes. Em muitos casos, a limpeza possibilita recuperar algumas características funcionais das válvulas. Já em outras situações, em que o procedimento de limpeza não é suficiente para recuperar as condições do injetor, o mesmo deverá ser substituído”, acrescenta Tournier.
Dilser destaca que, geralmente, os problemas que exigem a limpeza dos bicos ocorrem em carros de alta quilometragem, com cerca de 100 mil quilômetros. Nesses casos, o consultor técnico da FCA também aponta a troca dos injetores como alternativa, especialmente em modelos com sistema do tipo indireto, que é o mais comum. “Com a popularização da injeção eletrônica e o início da produção de bicos no Brasil, a substituição não tem mais um preço doloroso”, pondera.
Manual do carro traz informações sobre manutenção dos injetores
Caso surja alguma dúvida sobre quais serviços de manutenção preventiva devem ser executados no veículo, Dilser recomenda que o proprietário apele para uma medida simples: a consulta ao manual do proprietário. “O livreto traz uma tabela com todos os itens que devem ser verificados ou substituídos a cada quilometragem”, salienta o especialista da FCA.
“Os intervalos de inspeção e revisões nas válvulas de injeção, assim como em outros componentes do sistema, devem seguir as orientações do manual do fabricante do veículo,” afirma também Tournier, da Bosch.
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