A formação das chapas proporcionais dos partidos aliados ao governador Rui Costa pode gerar outro imbróglio para ele, que nem bem ainda se recuperou do trauma que foi a disputa entre PSD e PSB por uma vaga no Senado em sua chapa majoritária. A questão é que PCdoB e PDT têm pretensões diferentes em relação às demais siglas, que defendem o chapão tanto para candidatos a deputados estaduais quanto federais. Por isso, podem sofrer resistências das agremiações em relação às suas estratégias. O Bahia Notícias apurou que os comunistas podem ter dificuldade de assumir uma vaga de suplente, caso não declinem da ideia de apenas participar do chapão para deputados federais. De acordo com uma fonte do governo, dentro do conselho político, formado por partidos da base, há o entendimento de que as legendas componentes da majoritária, seja na suplência ou nos cargos majoritários, precisam fazer parte do chapão proporcional para os dois âmbitos. Nos bastidores, siglas governistas argumentam que, se a legenda quer coligar, precisa fazer isso no todo, e não apenas no que mais lhe beneficia eleitoralmente. No entanto, o presidente do PCdoB na Bahia, Davidson Magalhães, não abre mão da estratégia do partido de não fazer coligação para as candidaturas a deputados estaduais. Para ele, este é um “direito adquirido” dos comunistas, que adotam a estratégia há duas eleições seguidas. Na avaliação dele, impedir o PCdoB de fazer isso seria “irracional”. “Se você diminui o número de candidatos a deputado estadual, você tem menos gente fazendo campanha. Isso prejudica o governador, porque diminui o número de pessoas que poderiam estar fazendo campanha para ele nas cidades. É um absurdo. Uma estratégia completamente limitada para quem quer eleger governador”, bradou Davidson, em entrevista ao Bahia Notícias nesta quinta-feira (28). Apesar da crítica do dirigente estadual do PCdoB, a posição majoritária dos partidos aliados, contrária à dos comunistas, é corroborada pelo presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação. “A tradição é de quem está na majoritária fique na proporcional, colocando no chapão tanto para federal quando estadual”, contou. Outro que pode ter problemas, mas agora para coligar é o PDT. Com a pré-candidatura do ex-pugilista baiano Popó lançada para o Senado, o partido tende a ficar de fora do chapão para deputados estaduais, o que vai contra o desejo dos candidatos pedetistas. A questão é que podem haver dois impedimentos. Um é legal, porque a Justiça pode barrar o partido de fazer uma coligação proporcional que não esteja atrelado ao seu candidato majoritário. O outro é político, já que agremiações governistas dificilmente aceitariam coligar com um partido que lançou candidatura avulsa e não apoiou a chapa majoritária como um todo – o PDT atualmente defende apenas a reeleição de Rui e Leão, deixando Wagner e Coronel de lado, já que possui nome próprio pro Senado. O presidente do partido na Bahia, deputado federal Félix Mendonça Jr., está ciente das dificuldades que enfrentará, mas não pretende retirar a candidatura de Popó para facilitar a vida dos seus postulantes a uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Ele reconhece que não estar no chapão prejudicaria a eleição dos correligionários, mas acredita que o diálogo poderá resolver o problema. “[Não coligar no chapão] Poderia atrapalhar um pouco a eleição deles [candidatos a deputados estaduais], mas primeiro vou ter uma conversa com deputados do PDT e, depois, vamos conversar com partidos da base aliada para ver o que fazer”, afirmou.
Bahia Notícias