Em entrevista coletiva após o jogo contra o Sampaio Corrêa, o técnico Enderson Moreira comentou o empate do Tricolor na noite deste sábado (7), na Fonte Nova. O treinador agradeceu o grande apoio da torcida e disse que não faltou vontade por parte do elenco.
“A gente lamenta profundamente a perda desse título. Nossa torcida foi maravilhosa e fez um espetáculo extremamente emocionante. Infelizmente, o futebol tem dessas coisas. Todos nós, atletas, comissão técnica, diretoria, queríamos presentear o torcedor com uma grande conquista. Lutamos até o final. Buscamos o resultado”, disse o treinador.
Enderson comentou ainda sobre a perda do título ter acontecido para um time de orçamento e tradição menores do que do Bahia. “Estou no futebol há 20 anos. Se fosse simplesmente pelo orçamento, seria um esporte que não traria tanta emoção. Se for acreditar nisso, como vamos disputar um brasileiro de Série A? Já estivemos em situações parecidas e sempre acreditamos que podia vencer. Agora sobre o jogo, fizemos aquilo que a gente acha que deveria ter feito em termos de pressão, de envolvimento… E temos também que enaltecer que a outra equipe não chegou à final por acaso, e teve um goleiro com participação decisiva nas duas partidas”.
O técnico falou também sobre a volta de Edigar Junio e as substituições. “O Edigar tinha condições para participar da partida. Sabíamos que ele teria talvez uma limitação, mas acho que ele fez um jogo qualificado, principalmente no 1º tempo. Tentamos de todas as formas colocar a equipe em cima deles. Vinícius entrou como segundo volante, tiramos o Flávio para colocar o time mais para frente. Fiz as outras substituições para dar presença de área com Brumado e mobilidade com Allione”, explicou.
Por fim, Enderson Moreira falou sobre a sequencia de seu trabalho no Tricolor. “Estamos num momento de transição. Seria muito fácil falar, num triunfo, que ali já tinha as minhas ideias, assim como seria fácil, num momento de uma derrota, dizer que eu não tenho nada com isso. Estamos num processo em que temos que pegar as coisas de bom que havia e colocar em prática algumas novas coisas nas quais acreditamos. Nesse período inicial, eu procurei não interferir diretamente muito no que vinha sendo feito, para não confundir a cabeça dos atletas, pois estávamos disputando uma fase final de campeonato. Agora precisamos ter muito trabalho, dedicação para buscar coisas enormes que estão pela frente. São três competições extramente importantes e precisamos, mais do que nunca, dar resposta ao torcedor”.
Belintani
Ao lado do técnico Enderson Moreira e do diretor de futebol Diego Cerri na coletiva pós-jogo, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, também respondeu a questionamentos da imprensa, lamentando a perda do título e agradecendo a torcida pelo apoio ao time e pela festa na Fonte Nova.
“Primeiro, uma palavra de agradecimento e de desculpas à torcida. A gente deve isso a uma torcida que bateu recorde de presença no estádio, que recebeu o time de forma, mais uma vez, emblemática, ensinado ao Brasil como é uma relação de uma torcida com um clube, de paixão e de vínculo muito forte. Agora, vou rememorar uma entrevista que dei após o título do Baiano, quando falei no Ba-Vi, ainda no Barradão, que ganhar um título não significava que estava tudo tem. Para dizer que perder um título não significa também que está tudo mal. Não podemos achar que ser vice-campeão do Nordeste é um absoluto demérito. Lógico que a gente tinha a expectativa do título. A gente ouviu que estava jogando contra uma equipe da Série B, mas foi uma equipe da Série B que chegou à final deixando uma equipe da Série A no caminho”, disse o presidente.
Bellintani falou ainda sobre o desempenho do elenco montado para a temporada. “Se comparar com os últimos oito, dez anos, o clube tem sido mais assertivo nas contratações. Acho que a gente acertou mais que nos últimos anos. O que falta é um projeto coletivo. No geral, a gente não tem grandes críticas a jogadores individualmente, mas ao sistema de jogo e ao resultado desse sistema. Como principal responsável pelo clube, não posso aqui achar que não há coisa a serem corrigidas. Mas quem acha que reforços resolvem as coisas no futebol, precisa olhar para clubes que têm o elenco superinchado, com 40 a 60 atletas, e que depois vai se esforçando para emprestar e reduzir folha. Vamos contratar mais? Óbvio que sim, até porque temos um problema de reposição do goleiro Douglas, que tem a expectativa de ficar mais 45 dias parado, e também na lateral direita, após a saída de João Pedro. Já trouxemos o Gilberto, que vai estrear apenas no Brasileiro, mas outras posições também serão objeto de análise, sempre aí fazendo essa avaliação em conjunto com o diretor de futebol, Diego Cerri, e o treinador Enderson Moreira”.
Por fim, o presidente refutou que houve prejuízo financeiro ao clube com a perda da Copa do Nordeste. “Na minha avaliação, o maior prejuízo foi não entregar ao torcedor aquilo que ele tinha de expectativa, que era o título. Falando do prejuízo financeiro, ele não estava contabilizado. O Bahia foi muito conservador no orçamento. Quanto ao prejuízo técnico, a gente tem um desafio de começar a Copa do Brasil desse o começo. Isso pode ser muito ruim, porque aumenta o calendário, tem o risco, mas financeiramente, se chegarmos às oitavas, a gente ganha duas vezes e meia mais em relação a quem entra diretamente na fase”.