Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos; medidas para a estabilidade do câmbio. Mesmo sem a confirmação de Lula como candidato do PT à presidência, o partido deve lançar, já nos próximos dias, seu programa de governo. E o mercado não tem com o que se preocupar. Com acenos ao empresariado e à classe média, o texto vai priorizar, segundo o ex-presidente nacional da legenda, Rui Falcão, a redução das desigualdades, expansão e elevação da qualidade da oferta pública de bens e serviços sociais, bem como a diminuição dos impostos.
Em entrevista à Folha de S. Paulo desta terça-feira (17), o dirigente disse acreditar, porém, que com mobilizações sociais, o ex-presidente Lula possa ser liberado. “Mas só com muita pressão popular. Independentemente de ele conseguir libertação, vamos registrá-lo em 15 de agosto e utilizar todos os recursos para que ele possa estar na urna”.
Segundo Falcão, com 30% das intenções de voto, o PT não está “no gueto” e ainda possui “apoio popular”. Diz que o partido vai registrar Lula e, caso se torne “inviável”, será escolhido alguém para representá-lo. O que deve ocorrer até 20 dias antes do primeiro turno.
Perguntado se 20 dias não seria pouco tempo para uma “transferência de votos”, respondeu: “O potencial apareceu no Datafolha: 30% votariam no nome indicado por ele e 17% talvez votariam. Com os últimos episódios, escancarando parcialidade e injustiça, o poder de transferência deve se ampliar”.
Falcão, no entanto, não parece ter gostado do fato de Jaques Wagner admitir apoiar nome de outro partido para a presidência. Perguntado se o ex-governador da Bahia não tinha interesse em ser o “plano B” da sigla, respondeu que isso terria de ser perguntado a ele. Com relação a Bolsonaro liderar pesquisas sem Lula, disse que isso é “temporário”.
“A pesquisa com outra candidatura do PT, depois da interdição do Lula, ganha outro conteúdo. Tem um pesquisador que diz que as pessoas só vão acreditar que Lula não é candidato no dia, e se, Lula disser que não é candidato”.
Ainda com relação ao programa de governo, Falcão diz que a ideia é fazer a economia “voltar a rodar”. “Se amplia o crédito, tira imposto sobre o consumo, passa a comprar mais, o comércio vende mais, as indústrias produzem mais. Ter estabilidade do câmbio, da inflação e baixar a taxa de juros é bom para o empresariado”.
“A estabilidade do câmbio, da inflação, redução dos juros, abertura de mercados. A ideia de isentar do Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos é bom aceno à classe média, sacrificada pelos impostos. Lula governou para toda a população, inclusive empresários, mas priorizando quem mais precisa. Esse é o sentido que será impresso novamente”.