Na hora da troca periódica do lubrificante, existem duas formas de retirar o líquido velho do motor. Uma delas, a mais tradicional, é pela tampa do cárter, no fundo do veículo. A outra é a troca de óleo a vácuo, ou por sucção, que retira o lubrificante pela parte de cima do propulsor. Especialistas indicam prós e contras sobre os dois métodos.
Para começar, fazer uso do sistema a vácuo é mais rápido, como comenta Henrique Pereira, da comissão técnica de motores da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) do Brasil. Dessa forma, não é preciso aguardar para que o óleo escorra, e a solução também dispensa a necessidade de se levantar o veículo em um elevador automotivo, explica Pereira.
Quando o acesso é feito pelo cárter, é preciso mexer na parte de baixo do carro, onde se encontra o componente, parte do sistema de lubrificação. O motor de um carro é desenhado para que o óleo escorra em direção ao cárter, e quando ele é aberto, o líquido escoa de forma natural, impulsionado pela gravidade.
Entretanto, o projeto dos motores que torna possível a troca pelo cárter também pode causar problemas quando é feita a troca por sucção, explica José Guilherme Baeta, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O professor aponta que o sistema a vácuo pode não se adaptar a alguns veículos, a depender do projeto de seus motores.
A troca de óleo a vácuo depende do uso de uma bomba de sucção e de uma sonda que será inserida no sistema de lubrificação para sugar o óleo. A sonda tem que ser inserida por um profissional treinado, que saiba encaixá-la da maneira correta dentro do motor, descendo até o cárter, explica Pereira, da SAE.
A máquina costuma ser introduzida através da entrada da vareta de checagem do óleo, pela parte de cima do motor. Assim, o profissional precisa de habilidade para saber que chegou ao ponto mais baixo do sistema, onde será possível retirar todo o lubrificante. O risco é de que óleo velho permaneça no sistema e contamine o óleo novo que será colocado, detalha o engenheiro.
Mas há um perigo ainda mais grave na utilização do sistema a sucção, conta o professor Baeta. Se o óleo do carro estiver velho, com formação de borra, e houver resíduos sólidos acumulados no cárter, eles podem ser puxados para o motor pela força da sucção. Assim, a sujeira que antes desceria com o óleo pelo cárter ou ficaria no reservatório, irá para o motor.
Isso pode causar entupimentos no sistema de lubrificação, explica o professor da UFMG. O problema, contudo, é raro, comenta ele. Segundo Baeta, a troca de óleo a vácuo costuma funcionar com a maioria dos veículos. É apenas importante que o proprietário tenha consciência dos riscos envolvidos – o que não quer dizer que a remoção pelo cárter seja sempre segura.
Com esse método de troca de óleo, mais antigo e tradicional, é possível ter mais tranquilidade por sabermos que é para o qual o motor foi projetado. Mesmo assim, problemas podem surgir, como aponta Henrique Pereira, engenheiro da SAE. Além do mesmo risco de não se remover todo o óleo velho, também há problemas com a abertura do cárter.
Pereira conta que cada marca usa um modelo de parafuso diferente. Muitas vezes, é para dificultar que o proprietário faça a troca de óleo oficinas sem especialistas. Os parafusos exigem ferramentas específicas, e abrir o cárter com a ferramenta errada pode estragar o parafuso, dificultando a troca seguinte ou obrigando o dono do carro a ter que trocá-lo.
Assim, independentemente do método escolhido pelo proprietário do caro, ele deve escolher um estabelecimento em que confia e observar se os funcionários têm treinamento. No caso da troca pelo cárter, ele deve garantir que todo o óleo velho foi retirado do motor, e parou de pingar ou escorrer do veículo. Já quando for troca de óleo a vácuo, deve se certificar de que a bomba a sucção não está entupida, e está com pressão suficiente para fazer a remoção de forma correta.
Mas, antes, também deve consultar o manual do carro e ler as indicações sobre troca de óleo, lembrando, ainda, que se o veículo estiver na garantia, problemas originados em oficinas fora da rede credenciada não serão reparados e poderão levar à perda da cobertura.
R7