Instrução ministrada pela perita criminal Márcia Maria Portela abriu o Ciclo de Atualização Jurídica, promovido pela Acadepol
A inserção de novas substâncias psicoativas ilícitas na sociedade é um risco constante e a Polícia Civil da Bahia está se antecipando à atuação criminosa, com o aperfeiçoamento de suas ações. Na terça-feira (7), policiais de diversas unidades da PC e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) participaram de uma capacitação sobre novos entorpecentes sintéticos.
A instrução promovida pela Academia da Polícia Civil (Acadepol) abriu o Ciclo de Atualização Jurídica, que segue até o dia 13 de setembro, no auditório da Sefaz, na Barros Reis. A perita criminal do DPT Márcia Maria Portela de Santana detalhou vários aspectos das substâncias psicoativas incluídas na Portaria 344/1998, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que classifica tais substâncias como controladas ou ilícitas.
Segundo a especialista, na Europa surge uma nova substância psicoativa por semana. “Muitas dessas drogas sintéticas já estão no Brasil e já foram identificadas e apreendidas na Bahia. Boa parte delas tem concentração extremamente baixa, apesar de ter o efeito forte, o que facilita sua camuflagem”, salientou.
Entre as mais recorrentes, estão a “Nbome”, e suas variações, todas com efeito superior ao do LSD. Já a “2C-B (two-b) ou 2CB” é conhecida popularmente como “Vênus”, “Erox”, “Nexus”, “MFT”, “Tucibi” e “cocaína rosa” e seus efeitos são mais brandos que o LSD.
Outra droga sintética também identificada na Bahia é o “GHB”, que é um medicamento, também conhecido como “Ecstasy líquido” e pode ainda apresentar a forma de cápsulas ou pó, largamente utilizado para aplicar o golpe “Boa noite Cinderela”.
A droga sintética “DOB” também está entre as substâncias psicoativas identificadas e recorrentes na Bahia, e é uma variação das anfetaminas. A DOB é popularmente conhecida como “cápsula do vento”, devido a sua aparência comercial, pois ela é acondicionada em uma cápsula transparente. Também leva o nome de “cápsula do medo”, devido aos efeitos e alterações produzidos no organismo, como sensação medo e pavor intensos.
Ainda conforme a perita criminal, a maioria das substâncias psicoativas são medicamentos controlados, alguns são anestésicos, que são utilizados em procedimentos hospitalares e não são vendidos em farmácias, entretanto, em muitos casos, são utilizados ilicitamente como entorpecentes. Também de acordo com Márcia Maria, com as novas drogas sintéticas, o LSD e o Ecstasy vêm perdendo força entre os usuários.
Também existem substâncias que um dia foram pesquisadas para serem utilizadas na medicina, mas o efeito nocivo foi maior que o benéfico e não chegaram ao mercado, porém criminosos conseguem ter acesso a fórmula e as produzem para serem traficadas.
Ainda não há registro de laboratórios que produzem as substâncias psicoativas na Bahia. Estas drogas geralmente entram pelos aeroportos e por entregas nos Correios. A sua matéria prima sai direto da China para a Europa e acaba chegando ao Brasil.
Com a capacitação, os policiais terão mais condições de reconhecer e coletar entorpecentes sintéticos em circulação, que muitas vezes são camuflados em embalagens dissimuladas. Estas substâncias podem ser apresentadas de várias formas, desde líquidas, cápsulas e até selos.
O Ciclo de Atualização Jurídica segue nos próximos dias e promoverá capacitações com temas, que vão desde o Tráfico de Drogas, Promoção de Igualdade Étnica Racial, até o Combate à Intolerância Religiosa.