Em muitos casos, o câncer de mama em mulheres jovens, de 20 a 35 anos, está associado à herança genética. No entanto, um estudo publicado na revista americana Oncotarget apontou que esse não é o principal motivo para o surgimento da doença nessa faixa etária.
A pesquisa revelou que cerca de 80% dos casos têm origem por mutações nas células da mama não herdadas pelos pais. Segundo o site da revista Women’s Health, ela foi realizada pelo Centro de Investigação Translacional em Oncologia (LIM 24) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), com apoio da FAPESP.
Para a conclusão, foram analisados os casos de 79 mulheres com menos de 36 anos e diagnosticadas com câncer de mama. Entre elas, treze (16,4%) apresentaram mutações germinativas nos genes BRCA1 e 2, que são alterações que têm a hereditariedade como base. O estudo identificou ainda outros genes herdados, que são menos comuns que o BRCA1 e 2.
Para Maria Aparecida Koike filgueira, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, “dentre todos os tumores que acometem pacientes jovens, 25% são câncer de mama. É também o tipo mais comum em jovens. Há poucos estudos nessa área. Enquanto existem 2 mil tumores de mama sequenciados e disponíveis em bancos de dados, apenas 29 que acometem mulheres jovens tinham sido caracterizados”, explica.
De acordo com a pesquisadora, as células da mama se proliferam a cada ciclo ovulatório e em morte celular, o que faz com que elas tenham maior chance de uma mutação ao acaso. “Mais de 40% dos casos estudados apresentaram mutação em gene sem origem hereditária que codifica proteína de reparo de DNA. Sendo assim, o surgimento do câncer veio de um problema em algum sistema de reparo de DNA, que se originou própria célula da mama e não foi herdado”, completa.
Bahia Notícias