O incentivo para a formação de lideranças entre meninas é o tema de capacitação que envolve policiais militares da Bahia que atuam em Bases Comunitárias de Segurança (BCS) de Salvador. As aulas foram iniciadas nesta quarta (12) e seguem até quinta-feira (13), na sede da Organização Não Governamental Plan International, no bairro de Nazaré. A iniciativa, resultado de cooperação entre o Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PM e a ONG, atua para o desenvolvimento da consciência de cidadania, além de capacitar para a mobilização comunitária das meninas.
Segundo a gerente de projetos da Plan, Sara Oliveira, a proposta é promover a formação de multiplicadores a partir do uso da metodologia da Escola de Liderança para Meninas. “Essa atividade é específica para os comandantes de Bases Comunitárias que já trabalham com o concurso “Garota da Base”. O nosso objetivo é trazer uma metodologia de empoderamento feminino para que essas garotas que concorrem ao curso possam ter uma base política e cidadã, e que entendam a necessidade de meninas líderes na comunidade”, explicou.
Ao final das aulas, os policiais receberão certificados e um kit com a metodologia de liderança para meninas. O material é composto por cinco módulos que retratam oficinas que já foram realizadas durante o processo de implantação da metodologia em outros locais. A expectativa é de que no mês de outubro seja realizado um projeto piloto com as próximas candidatas do concurso “Garota da Base”, para contribuir com a formação político-cidadã das jovens.
O comandante da Base Comunitária do Nordeste de Amaralina e Vale das Pedrinhas participa da capacitação e garante que o aprendizado irá contribuir para o trabalho que é realizado na BCS. “A maior parte da comunidade é formada por mulheres e nós atendemos a população nos seus maiores anseios enquanto agentes de trabalhos comunitários. Então, participar de uma capacitação que é voltada para a lida com as mulheres é fundamental para todo e qualquer policial militar. Sabemos que existem diferenças e a nossa corporação já reconhece isso. O nosso papel após esse treinamento é fazer esse aprendizado chegar aos nossos colegas e implementar ações para esse fortalecimento feminino”, destacou.
Para a gerente de Gênero e Incidência da Plan, e instrutora do curso, Viviana Santiago, a discussão do empoderamento feminino com policias militares contribui também para o combate à violência. “A Polícia Militar é membro da sociedade e tem uma contribuição para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária. Neste momento, a Polícia está nesse processo aprendendo sobre empoderamento e outros papéis e lugares que as mulheres podem ocupar começando já na infância. É um exercício para perceber que as meninas que estão nas comunidades que a polícia atua também podem ser observadas de outros lugares. A gente espera que isso possa fomentar um novo olhar e um processo interno de ganho de consciência na corporação. E quando a PM devolver as suas ações sociais, que estas sejam ações que possam empoderar muito mais as meninas dentro deste contexto”, concluiu.