O viaduto que cedeu na madrugada desta quinta-feira (15) na Marginal Pinheiros em São Paulo já apresentava sinais de desgastes superficiais em suas juntas de dilatação. A junta é um dos principais pontos para serem observados em uma inspeção de rotina de um viaduto ou ponte.
Em uma análise superficial com base em fotos, o engenheiro Luís Otávio, do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), chama atenção para o desgaste e a falta de vedação nesta junta. “Ali podemos ver que quebrou a borda superior, talvez em um acidente e ali o asfalto foi usado para consertar isto”, diz Luís.
Em imagens registradas pelo “Google Street View” em fevereiro deste ano mostram de forma bem clara está camada asfáltica que teria sido utilizada para minimizar o dano nesta junta. Após o viaduto ceder é possível observar que o local onde foi aplicado o asfalto estava desgastado.
O engenheiro explica que o espaço desta junta é previsto no projeto e serve como um “respiro” para facilitar a dilatação das vigas do viaduto em função das mudanças de temperatura.
Luís ressalta ainda que a junta de dilatação e o aparelho de apoio são os principais pontos a serem observados em inspeções de rotina em pontes e viadutos. “O ponto onde a estrutura do viaduto cedeu, inclusive é exatamente neste local”, afirmou.
Inspeções e Manutenção
Uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) prevê uma rotina de inspeções para pontes e viadutos. A norma NBR-9452 prevê que sejam feitas inspeções rotineiras todos os anos e inspeções especiais a cada 5 anos. O texto prevê ainda que seja mantido um sistema de gerenciamento para estas inspeções.
Segundo o engenheiro Luís Otávio, do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) mantém uma base de dados que controla a inspeção de mais de 5 mil viadutos e pontes das rodovias federais brasileiras.
“A Artesp, que administra as rodovias do estado de São Paulo, também mantém um sistema similar, mas desconheço se a prefeitura possui este sistema”, diz o engenheiro.
Em entrevista no local onde o viaduto cedeu, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou que as inspeções no viaduto estavam sendo realizadas, mas não informou quando foi feita a última vistoria no local.
O R7 questionou a Prefeitura sobre a idade do viaduto, quando foi feita a última vistoria e se a cidade mantém um sistema de rotina para as inspeções, conforme prevê as normas da ABNT, mas até a publicação desta reportagem não recebeu nenhuma resposta.
R7