A queda do avião minutos após decolar do Campo de Marte nesta sexta-feira (30) é mais uma para a lista do aeroporto com o maior número de acidentes nos últimos 10 anos, segundo relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Os números apresentados pelo órgão mostram que, entre 2008 e 2017, foram registrados 10 acidentes no aeroporto localizado na zona norte de São Paulo. Significa dizer que o Campo de Marte tem, na média, um acidente por ano.
Os dados do relatório ainda não contabilizam as duas ocorrências deste ano. A primeira delas, em junho, ocasionou em uma morte e seis pessoas feridas. Ontem, a queda causou duas mortes e feriu 19.
Na sequência da lista de acidentes aparecem o Aeroporto de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, e o Aeródromo Nacional de Aviação, em Goiânia (GO). Ambos os locais registraram nove desastres entre 2008 e 2017.
Também localizado na capital paulista, o aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade, somou três acidentes no mesmo período, número 70% menor do que o registrado no Campo de Marte.
O Cenipa também contabilizou 91 incidentes e sete ocorrências de solo nos anos da análise no Campo de Marte. Entre os incidentes, a pista da capital fica atrás apenas dos aeroportos internacionais de Guarulhos (153) e Brasília (106) e do aeródromo de Belo Horizonte (103).
Desativação em 2020
No dia 7 de agosto de 2017, o então prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), estimou que em 2020 o aeroporto Campo de Marte seria desativado. A declaração foi dada após assinatura de um acordo com o presidente Michel Temer, que esteve na Prefeitura, para oficializar a cessão de parte do aeroporto para a municipalidade. A previsão é que no local seja construído um museu aeroespacial.
O Campo de Marte era objeto de disputa judicial entre Prefeitura de São Paulo e União desde 1958. A área, porém, é motivo de contenda desde o século 18, quando jesuítas que controlavam o terreno foram expulsos do Brasil. As discussões se intensificaram em 1932, após a Revolução Constitucionalista. O Campo de Marte era o centro de operações da Força Pública de São Paulo, mas com a derrota na revolução, a União tomou posse do imóvel.
O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) tentou durante quatro anos fechar um acordo com o governo federal, mas não obteve sucesso. O fim das operações aéreas no Campo de Marte era parte importante do projeto Arco para o Futuro.
Pelo acordo assinado entre Doria e Temer, a União cedeu 40 mil hectares de um total de 210 mil hectares do terreno. O acordo ainda tem mais duas etapas. Na segunda, o espaço cedido será usado para a construção de um complexo esportivo. A terceira fase inclui a desativação do aeroporto para aviação executiva, com os galpões das empresas sendo transformados em polo gastronômico.
R7