O câncer de pele não-melanoma é o mais frequente no Brasil e no mundo e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
“Sem dúvidas, a incidência de câncer de pele no Brasil está acima da média mundial, o que ocorre é a falta de notificações”, afirma dermatologista Curt Treu, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
O tipo de câncer de pele não-melanoma geralmente não é incluído em estimativas globais da doença, por essa razão, os dados são menos precisos e completos que outros tipos de câncer, segundo o World Cancer Research Fund.
A principal razão dessa alta incidência é que a pele é o maior órgão do corpo humano e fica exposta, ao longo da vida, aos raios ultravioleta do sol, principal fator de risco da doença, segundo ele.
“No caso do Brasil, além da elevada incidência de raios ultravioleta, por se tratar de um país tropical, a população tem a pele relativamente clara”, afirma.
O dermatologista explica que a pele clara representa maior predisposição ao risco. “A frequência de câncer de pele no país é maior na região Sul do que no Nordeste, embora no Nordeste a incidência da radiação ultravioleta seja maior”, explica.
Não-melanoma tem alta incidência e baixa mortalidade
De acordo como o Ministério da Saúde, entre os tumores de pele, o tipo não-melanoma é o de maior incidência e mais baixa mortalidade. Tem crescimento lento e, portanto, demora a gerar metástase – espalhar-se para outros órgãos.
Já o tipo melanoma, menos frequente, é mais agressivo, com risco maior de metástase, podendo levar à morte. Em relação a esse tipo de câncer de pele, os países com o maior número de casos são Nova Zelândia, Austrália e Noruega. O Brasil não figura entre os 25 primeiros países na tabela divulgada pelo Global Cancer Observatory, agencia internacional de pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo o dermatologista, esses países lideram a lista porque, além de populações com pele extremamente clara, as notificações de câncer de pele são obrigatórias, o que aumenta a estatística.
Radiação solar provoca mutação no DNA
Diferentemente de outros tipos de câncer, não existe predisposição genética para o de pele. O principal fator de risco é a exposição prolongada e repetida ao sol, de acordo com oncologista Cristiano Duque, da Oncoclínica (Centro de Tratamento Oncológico).
Treu explica que a radiação é um agente mutagênico, que induz dano na molécula de DNA, levando ao surgimento do câncer. Essa ação não se restringe ao homem, segundo ele, afetando qualquer animal exposto.
O câncer de pele é mais comum acima dos 40 anos, sendo pessoas com pele clara ou com doenças cutâneas prévias as principais vítimas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Estimam-se mais de 85 mil novos casos de câncer de pele não-melanoma em homens e 80 mil em mulheres para cada ano do biênio 2018-2019 no país, de acordo com o Inca. Esses valores correspondem a um risco de 82,53 casos novos a cada 100 mil homens e 75,84 para cada 100 mil mulheres. É o câncer mais incidente no Brasil em ambos os sexos.
R7