O cantor Beto Barbosa, 63, será submetido a uma cirurgia de retirada da bexiga e, provavelmente de próstata, na próxima quinta-feira (17), em São Paulo.
Ele foi diagnosticado com câncer de bexiga e de próstata em julho do ano passado e encerrou tratamento com quimioterapia em novembro.
Trata-se da cirurgia mais complexa da área da urologia, já que envolve a retirada de dois órgãos – bexiga e próstata – e a reconstrução da bexiga, de acordo com o urologista Francisco Kanasiro, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.
“É uma cirurgia de grande porte, com morbidade alta e risco de complicações”, afirma.
A construção de nova bexiga, chamada de noebexiga, é feita com um segmento da alça do intestino delgado, moldado em formato parecido com o da bexiga. Os ureteres, dois canais que levam a urina dos rins à bexiga, são implantados na neobexiga, assim como a uretra, para a saída da urina.
“É um reservatório onde será acumulada a urina e, portanto, o paciente poderá ter uma micção normal. É considerada normal porque a urina continua saindo pela uretra, mas, como a neobexiga não tem uma força de contração, ou seja, músculos para empurrar a urina, a pessoa acaba tendo um pouco mais de dificuldade para esvaziar a neobexiga”, explica.
Ele afirma que, muitas vezes, é preciso fazer força para urinar e apertar o pé da barriga. “Existe também uma sonda que é utilizada pela própria pessoa para esvaziar a neobexiga. Esse processo é chamado de autocateterismo”, afirma.
Segundo ele, inicialmente, o autocateterismo pode ser um processo incômodo, mas, com a prática diária, esse acaba se tornando indolor.
A cirurgia leva em média seis horas. Na grande maioria dos casos a próstata também é retirada. O paciente costuma ficar de um a dois dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e o período total de internação leva 10 dias, em média.
“Logo após a operação, o paciente fica com uma sonda no canal da urina e vai para casa com ela. Sua retirada será realizada após a cicatrização da neobexiga, o que ocorre em cerca de três semanas”, explica.
Para voltar às atividades do dia-a-dia, a expectativa é de 30 dias. Mas adaptar-se a essa nova situação levará mais tempo, de acordo com o urologista.
“A neobexiga pode trazer algumas complicações. Como é feita pela alça do intestino, ele absorve algumas substâncias da bexiga que podem tornar o sangue mais ácido. Então, até o metabolismo se adaptar pode demorar mais de 30 dias”, afirma.
Após o período de adaptação, é possível ter uma vida totalmente normal, segundo ele. A sobrevida dependerá do prognóstico do câncer, que inclui estágio do tumor e necessidade de quimioterapia ou radioterapia. “É um fator individual”, afirma.
O médico explica que a retirada da bexiga impacta a qualidade de vida do paciente, pois causa impotência sexual em 50% dos casos e também pode provocar incontinência urinária.
Após a retirada da bexiga, nem sempre é feita sua reconstrução. Segundo o urologista, em casos de tumores mais graves, sem perspectiva de cura, é adotado um procedimento paliativo que desvia os ureteres para a pele, levando a urina a uma bolsa coletora, assim como ocorre na colostomia, que deve ser esvaziada a cada quatro horas. “O objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente”, afirma.
R7