No segundo e último dia dos debates sobre a promoção da paz e segurança no Oriente Médio, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, apresentará a experiência brasileira com refugiados diante de representantes de 60 países reunidos em Varsóvia, na Polônia, desde quarta-feira (13).
Araújo relatará como o Brasil se posicionou ao receber, em diferentes momentos, migrantes de países como a Síria, o Haiti, e, recentemente, da Venezuela.
Números divulgados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado à Secretaria Nacional de Justiça do Brasil, mostram que, apenas em 2017, 33,8 mil pessoas pediram reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. Os venezuelanos representam mais da metade dos pedidos (17,8 mil), seguido dos cubanos (2.373), haitianos (2.362) e angolanos (2.036).
A exposição do chanceler brasileiro ocorrerá depois de um almoço de trabalho sobre os desafios humanitários e a situação dos refugiados no Oriente Médio em que participarão os chefes das delegações presentes.
Além do secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Mike Pompeo, e do ministro das Relações Exteriores da Polônia, Jacek Czaputowicz – anfitriões do encontro –, participam o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, líderes da Itália, Japão, Quênia, Canadá, além de importantes players do Oriente Médio. O Irã é exceção neste último grupo que inclui Arábia Saudita, Catar e Israel.
Irã
Crítico do posicionamento iraniano em relação à situação da Palestina, o secretário norte-americano Mike Pompeo usou as redes sociais recentemente para acusar o governo Ali Khamenei de financiar o terrorismo e contribuir pouco com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, não foi convidado para o encontro. Estados Unidos e Israel têm reforçado o discurso anti-iraniano na região. Ontem (14), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reuniu-se com diversos líderes da região, como o ministro de Relações Exteriores de Omã. No Twitter, Netanyahu afirmou que o teor das conversas é público.
“É uma reunião aberta com representantes dos principais países árabes, que estão sentados juntos com Israel para fazer avançar o interesse de uma guerra com o Irã”, declarou Netanyahu.
Encaminhamentos
Ao final do encontro, será elaborada declaração final pelos anfitriões (Polônia e Estados Unidos). Integrantes da delegação brasileira informaram que o Brasil não assina ou negocia medidas em relação ao Oriente Médio. Sem tomada de decisões, reunião tem servido como espaço para “discussão franca” a respeito de oportunidade diplomática de tratar temas de interesse global como terrorismo, lavagem de dinheiro, refugiados e segurança cibernética.
A delegação brasileira, chefiada pelo chanceler Ernesto Araújo, conta ainda com o embaixador do Brasil em Varsóvia, Hadil da Rocha Vianna, e os secretários de Segurança e Cidadania, Fabio Mendes Marzano, e de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega.
O ministro Ernesto Araújo volta para o Brasil na sexta-feira (15).
Agência Brasil