O câncer colorretal cresceu cerca de 20% nos últimos 15 anos, segundo o oncologista Thiago Jorge, do Conselho Científico do Instituto Vencer o Câncer. Segundo ele, o aumento da incidência ocorre principalmente entre pessoas abaixo de 50 anos.
Neste mês, comemora-se o Março Azul Escuro, de conscientização e combate ao câncer colorretal. Esse tipo de câncer, que abrange tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto, é o segundo mais comum no mundo, atingindo 39% da população, segundo o relatório mundial de câncer da OMS (Organização Mundial da Saúde).
O médico afirma que o maior acesso aos serviços de saúde e a melhora do diagnóstico influenciam essa elevação do número de casos.
É tratável e, na maioria dos casos, curável, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A estilista Ana Paula Monteiro, 41, faz parte dessa estatística. “Tive sangramentos e dificuldade para ir ao banheiro, mas como não tinha histórico na família, não pensei que fosse isso”, afirma. Quando ela descobriu a doença, em 2013, o câncer já estava em estágio avançado, com ocorrência de metástase no pulmão. Hoje, com o tumor do intestino já retirado, ela trata o pulmão.
Ela afirma que hoje sua qualidade de vida é melhor do que quando descobriu a doença. “Adotei uma alimentação mais saudável e faço exercícios regularmente. É importante ter a cabeça no lugar e acreditar que tudo vai dar certo”, afirma.
O oncologista explica que os sintomas do câncer colorretal, quando aparecem, podem ser confundidos com hemorroida, como sangue nas fezes, por isso a importância de consultar um médico. Outros sintomas são alteração do hábito intestinal, cólicas abdominais frequentes e perda de peso sem causa aparente, segundo o Inca.
Segundo o cirurgião oncológico Samuel Aguiar Jr., responsável pelo departamento de Tumores Colorretais do A.C.Camargo Cancer Center, o câncer colorretal está altamente associado a pessoas que vivem em regiões de maior industrialização, por conta do estilo de vida adotado nesses locais.
Nessas áreas, as pessoas estão mais expostas a fatores de risco, como o sedentarismo, alta ingestão de carnes vermelhas e carnes processadas, baixa ingestão de frutas e verduras, obesidade, fumo e álcool. Já a hereditariedade do câncer representa apenas 5% dos casos, ocorrendo apenas em parentes de primeiro grau.
O cirurgião afirma que, entre as pessoas que não apresentam sinais, é necessário fazer exames de rastreamento preventivos, que são a colonoscopia, a cada cinco anos, na qual é necessária a introdução de uma pequena câmera pelo ânus para que seja feita a análise do intestino, e o exame de pesquisa de sangue nas fezes, feito anualmente, ambos a partir dos 50 anos. Entretanto, a presença de sangue nas fezes não necessariamente significa a presença de um câncer, podendo ser ocasionado por gastrite ou hemorroidas, por exemplo.
O tratamento do câncer colorretal depende do estágio do tumor, que são quatro. No estágio 1, a parte afetada pode ser removida durante o exame de colonoscopia ou por cirurgia minimamente invasiva e apresenta taxa de sobrevida de até 96%.
Nos estágios 2 e 3, o câncer ainda não apresenta metástases — não se espalhou para outros órgãos —, mas já deverá ser retirado por meio de cirurgia e tratado com quimioterapia. Se o local afetado for próximo ao reto, poderá ser necessaria a radioterapia, segundo o cirurgião. A taxa de sobrevida do estágio 2 é de 70% a 85%, e do estágio 3, de 50% a 70%, ainda de acordo com Aguiar.
Já no estágio 4, o paciente já apresenta metástase. O tratamento também é quimioterápico com cirurgia. Aguiar afirma que se a metástase for no fígado, poderá ser revertida. Nesses casos, a remissão total da metástase atinge 15% dos pacientes, afirma Jorge.
Aguiar afirma que esse tipo de metástase é a mais comum, pois o intestino grosso é o responsável por absorver os nutrientes e a água, que são metabolizados no fígado. Conforme o sangue é encaminhado para o fígado, as células cancerígenas acabam se locomovendo para lá também, afetando o órgão. A doença pode se espalhar também para outros órgãos, como pulmão e cérebro.
Para prevenir a doença, os especialistas recomendam a prática frequente de atividades físicas, a ingestão de frutas e verduras e reduzação do consumo de carne vermelha, sendo recomendado de 80g a 100g semanais — o equivalente a um bife —, além de evitar bebidas alcoólicas e o cigarro.
R7