A notícia de uma tragédia abalou o Brasil nesta quarta-feira. Oito pessoas, entre alunos e funcionários, morreram após um adolescente e um jovem encapuzados entrarem atirando na Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano (SP). Os atiradores cometeram suicídio em seguida. Casos como esse levam sempre a algumas perguntas: o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de ato? Crimes assim podem ser evitados?
Embora não haja ainda muitos detalhes sobre o caso e sobre as possíveis motivações do crime, uma das possibilidades em situações assim é que o ato violento seja resultado de transtornos mentais. De acordo com o psiquiatra da Holiste, Luiz Fernando Pedroso, um dos quadros que levam a atos violentos é o surto psicótico, episódio de desorganização da representação da realidade que pode estar presente em diferentes transtornos psiquiátricos, oferecendo risco aos pacientes e pessoas próximas, podendo resultar em violência.
“Qualquer pessoa pode apresentar um episódio de surto psicótico em algum momento da vida. São vários os motivos que podem levar ao desenvolvimento de um quadro deste tipo; porém, as pessoas que sofrem de estresse intenso, de transtorno bipolar, de transtornos de personalidade do tipo paranóide (paranoia), narcisista, esquizotípica ou borderline, podem ter uma propensão maior”, explica o psiquiatra.
Para Luiz Fernando o desenvolvimento do surto não é totalmente previsível, mas é possível identificar os fatores de risco desde a infância e tomar medidas preventivas, por isso a importância dos pais ficarem atentos e buscarem ajude especializada em caso de alguns sinais.
“A doença mental existe também na infância, e um dos sinais mais relevantes para você ver na infância é o rendimento escolar que a gente negligencia muito. Se uma criança tirar notas baixas e repetir de ano, com a baixa qualidade das nossas escolas a gente se acostuma com isso; mas esse pode ser o indicador de que algo não vai bem”, alerta o especialista.
SINTOMAS
O surto psicótico pode afetar uma pessoa repentinamente, representado por sintomas como delírios e/ou alucinações, comportamento desorganizado, e de humor.
“É importante salientar que os surtos psicóticos não acontecem de uma hora para outra, eles vão sendo anunciados paulatinamente. Uma pessoa que entra numa escola, boate, e sai atirando em todo mundo não toma este tipo de atitude de uma hora para outra. Esses sintomas vão se desenvolvendo, o doente vai dando sinais e as pessoas não dão a devida atenção, elas negam o que veem. Quando a situação aparece de forma gritante, extraordinária, é exatamente porque foi negada a existência da doença mental”, alerta Luiz Fernando.