Com quase 900 milhões de eleitores, a Índia inicia nesta quinta-feira (11) um esquema gigantesco que envolve tecnologia, segurança e logística para garantir que ninguém fique sem votar na maior democracia do mundo.
Segundo país mais populoso do globo com 1,25 bilhão de habitantes — e seis vezes mais eleitores que as 147,3 milhões de pessoas aptas a votar nas últimas eleições no Brasil —, a Índia gastará seis semanas para escolher os 543 parlamentares da Lok Sabha, a câmara baixa do parlamento, em um pleito de sete fases nos 29 estados e sete territórios que pertencem ao governo federal.
O primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, e seu partido BJP partem como favoritos para conquistar uma nova vitória na maratona eleitoral. No entanto, a oposição se fortaleceu mais uma vez em torno do tradicional e populista Partido do Congresso, de Rahul Gandhi, que buscará o comando do governo com uma grande coalizão.
“A Índia é valorizada no mundo todo por coisas grandiosas, mas três delas são mais que as demais: o Taj Mahal, Mahatma Gandhi e a democracia eleitoral”, afirmou o ex-chefe da Comissão Eleitoral, S.E. Quraishi, no prefácio do livro “Uma maravilha indocumentada”.
Desafios logísticos
A eleição requer um enorme esquema logístico para chegar a todos os eleitores, inclusive nos lugares mais remotos, e deve custar US$ 7 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões), segundo cálculo do analista e diretor da consultoria Right to Vote, Neeraj Gutgutia.
O valor, equivalente a cerca de US$ 7 (cerca de R$ 27) por eleitor, se compara aos gastos das últimas eleições para a presidência e para o Congresso dos Estados Unidos, que tem cerca de 250 milhões de votantes.
A legislação eleitoral da Índia obriga que as autoridades eleitorais do país garantam que as pessoas não precisem viajar mais de dois quilômetros para votar ou tenham que atravessar barreiras geográficas, como rios, desfiladeiros ou florestas, para votar.
Por terra, ar e mar
Ter essa obrigação no meio de um caleidoscópio cultural, religioso, geográfico e com diferentes línguas, requer o uso de helicópteros, trens, aviões, barcos, bicicletas, camelos e até elefantes para chegar até o eleitor mais distante.
São casos como o da cidade de Kakai, no estado de Gujarat, no oeste da Índia, que tem uma seção eleitoral montada no meio de um santuário de leões para um único eleitor que vive na região e que se nega a deixar o local.
“Não importa se ele decidir não participar da votação, a Comissão Eleitoral deve instalar a urna lá e ficar de 8h até 17h no dia correspondente”, explicou em entrevista à Agência Efe V.S. Sampath, que comandou a Comissão Eleitoral no pleito de 2014.
Números astronômicos
Para Sampath, o tamanho da população, as questões geográficas, as exigências de segurança e os esforços tecnológicos são os principais desafios do órgão, mas que garantem que é possível confiar nos resultados que saem das urnas.
Em poucas semanas, a equipe da Comissão Eleitoral passa dos habituais 400 funcionários para mais de 11 milhões de pessoas, que garantem a operação de mais de um milhão de seções eleitorais.
As eleições são realizadas com auxílio de um sistema eletrônico. As urnas têm GPS para terem cada movimento acompanhado pelas autoridades. Além disso, câmeras gravam as imagens e as informações processadas na sala que recebe os dados de todo o país.
Em 2014, mais de oito mil pessoas se candidataram ao pleito, representando mais de 500 partidos. Na época, as autoridades da Índia apreenderam US$ 170 milhões que seriam usados para a compra de votos.
R7