O infarto na mulher possui características diferentes em relação ao infarto no homem. Segundo o cardiologista Marcelo Sampaio, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, no caso da mulher as dores podem ter outra intensidade, irradiação e outros sintomas atípicos, como fraqueza e tontura. Por conta da diferença dos sintomas, a mulher demoraria mais tempo a procurar o pronto-socorro, quando comparada ao homem.
Sampaio afirma que entre os sintomas que a mulher pode apresentar durante um infarto estão a ocorrência de náuseas, vômitos, palpitação, desmaios, suores frios, cansaço, fraqueza, tontura, além dos sintomas clássicos, como a dor no peito que irradia para o braço, falta de ar, dores na região cervical, dores nas costas e até mesmo na mandíbula. O cardiologista explica que, de maneira geral, esses sintomas ocorrem na mulher em uma idade superior a do homem, geralmente acima dos 55 anos, e a percepção dos alertas costuma ser menor.
Além da idade, a dificuldade na percepção dos sinais se dá por conta da diferença de características anatômicas da mulher, como as artérias, que têm um diâmetro menor que as dos homens, e pela questão hormonal. Segundo o cardiologista, quando a mulher entra na menopausa, ela perde a proteção do estrogênio, hormônio feminino que estimula a vasodilatação, aumentando a propensão ao infarto.
Sampaio afirma que mulheres que façam o uso de pílulas anticoncepcionais também apresentam um risco maior de ter um infarto. Isso porque a pílula aumenta os casos de trombose e estimula a produção de coágulos na artérias coronárias, além de aumentar a pressão arterial feminina, que é um fator de risco para a ocorrência de um infarto. De acordo com o cardiologista, a maioria das mulheres jovens que usam a pílula contraceptiva são aquelas que apresentam a ocorrência de infarto.
O cardiologista explica que outros fatores de risco aumentam a incidência de infarto em mulheres jovens, como o tabagismo, uso de drogas ilícitas, estresse em situações de violência, que causam infartos sem obstrução, pois o próprio sentimento de medo libera substâncias que podem fechar as artérias. Outros fatores, como depressão, ansiedade, pressão alta, diabetes do tipo 2, colesterol, sedentarismo e histórico familiar são também fatores de risco para o infarto.
Sampaio afirma que, caso a mulher perceba algum sintoma e ele não passe em 20 minutos, ela deve procurar o atendimento médico o mais rápido possível. Ao chegar no hospital, a suspeita de infarto deve ser comunicada para que o tratamento seja preferencial e o atendimento mais rápido. Segundo o médico, hoje os hospitais têm protocolos para o reconhecimento rápido de um infarto, devendo encaminhar o paciente a um pronto-socorro dentro de cinco minutos e solicitar um exame de eletrocardiograma.
Identificado o problema, os médicos solicitam os exames de eletrocardiograma e exames de sangue, que são capazes de detectar se as enzimas cardíacas estão elevadas, diagnosticando o infarto. Após a confirmação do diagnóstico, o paciente é encaminhado para uma cirurgia de cateterismo, identificando o local da artéria que está fechado e desobstruindo-o. Pode ser necessário também que o paciente seja submetido a uma cirurgia de ponte de safena, quando há mais de uma obstrução nas artérias. Após os procedimentos, o paciente é encaminhado para a UTI por dois dias, e depois segue para o quarto.
Após a recuperação hospitalar, o tratamento passa a ser feito com medicamentos para afinar o sangue, vasodilatadores e medicamentos que abaixam os níveis de colesterol. É feita também a reabilitação daquele paciente, tanto física, quanto socialmente, reinserindo-o ao ambiente de trabalho, por exemplo.
Para prevenir o infarto, a mulher deve ter uma dieta equilibrada, reduzir o peso, no caso de obesidade, controlar diabetes e colesterol, parar de fumar, procurar hábitos que ajudem a diminuir o estresse e praticar exercícios. Sampaio afirma que realizar uma caminhada diária, com duração de 30 minutos a uma hora, já é suficiente para ajudar a prevenir o infarto.
R7