A ausência de exames que identifiquem disfunções na tireoide no protocolo de acompanhamento pré-natal é considerada um problema sério pela endocrinologista e metabologista especialista em doenças endocrinológicas na gestação Alina Feitosa. Isso porque o hormônio tireoidiano tem influência na formação de todo o sistema nervoso do bebê. “A criança não tem hormônio tireoidiano até 12 semanas, não tem produção porque ela não tem tireoide, todo hormônio que tem é da mãe”, explicou a médica. “Então se a mãe tem disfunções da glândula, a criança pode sofrer consequências muito importantes”, alertou a especialista.
As doenças da tireoide apontadas pela médica como com maior oferta de risco para o bebê são Hipotireoidismo e Hipertireoidismo, que são respectivamente a falta da produção adequada de hormônio da tireoide, e o excesso de produção de hormônio. “Essas duas doenças não são infrequentes e podem causar diversos sintomas que podem atrapalhar o curso da gestação”, disse Alina ao listar os problemas causados pelo fato da mãe ter alguma dessas doenças.
“Quando a mãe tem hipertireoidismo, o excesso de hormônios produzido por ela passa pela placenta e pode causar danos a criança, como redução do crescimento, peso mais baixo ao nascer, parto prematuro, contrações e sangramentos. No hipotireoidismo a criança pode ter formação inadequada da sua cabecinha”, esclareceu a endocrinologista.
Alina Feitosa demonstrou preocupação com existência de “bastante desconhecimento” sobre os problemas da tireoide e as sequelas que podem causar. “As pessoas conhecem que existe a tireoide e que ela pode dar problema, mas não faz parte do rastreamento habitual dentro dos exames de pré-natal, não faz parte do pré-natal de baixo risco avaliar a tireoide”, sinalizou.
A médica ainda alertou que a falta de conhecimento está dos dois lados, tanto no paciente quanto nos profissionais de saúde. “Existe desconhecimento da parte do paciente, que não sabe que alterações da tireoide podem ocorrer durante a gestação e prejudicar o bebê. E tanto eventualmente o [médico] pré-natalista, ou pré-natal que muitas vezes é feito por profissionais não médicos, na rede básica de saúde, pode passar despercebido se não for um quadro grave e muito claro de ser identificado”, afirmou.
Para evitar erros, a especialista em doenças endocrinológicas na gestação ressaltou a necessidade do médico responsável pelo pré-natal de questionar as pacientes sobre o histórico familiar de doenças tireoidianas do paciente, além de fazer exames físicos para verificar a existência de sintomas que sugiram alterações da tireoide.
Na sexta-feira (25), é celebrado o Dia Internacional da Tireoide, marcado por ações que chamam atenção para a importância da glândula e o cuidado com as doenças referentes a disfunção da tireoide.
Bahia Notícias