O mosquito Aedes aegypti é capaz de transmitir, em uma única picada, múltiplos vírus, como da dengue, zika e chikungunya. Essa foi a descoberta de um estudo da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, publicado na revista científica Nature Communications.
A pesquisa sugere que coinfecções são bastante comuns em regiões endêmicas e epidêmicas dessas doenças, como o Brasil. Os resultados jogam luz sobre como ocorre uma coinfecção – quando uma pessoa é atingida por duas ou mais doenças ao mesmo tempo -, embora o mecanismo ainda não seja totalmente compreendido.
Segundo o estudo, uma abundância relativamente alta de pacientes coinfectados por dengue e chikungunya (26,3%) foi encontrada em surtos em Madagascar (10), Gabão (11) e Saint Martin (12).
Além disso, um estudo clínico realizado em 2016 na Nicarágua mostrou que 27% dos pacientes infectados pelo Aedes apresentavam vírus circulando no sangue de múltiplos agentes, incluindo todas as combinações possíveis de dengue, zika e chikungunya.
Mas observou-se que apesar do grande número de coinfecções, não houve mudanças no estado clínico ou hospitalização dos pacientes. Já outros estudos identificaram uma possível relação entre a coinfecção e complicações neurológicas.
Neste estudo da Universidade Estadual do Colorado, os pesquisadores infectaram mosquitos em laboratório com os vírus da dengue, zika e chikungunya e realizaram testes para avaliar a taxa de transmissão de cada doença.
A pesquisa concluiu que infecções por dois vírus são mais comuns do que se imagina. Já a transmissão dos três vírus simultaneamente é mais raro. Outro dado obtido é que uma coinfecção não é mais grave do que a infecção causada por um único vírus.
O próximo desafio dos pesquisadores é descobrir se existe um vírus dominante no organismo dos mosquitos e investigar também os mosquitos que transmitem a febre amarela.
R7