A Polícia Federal apreendeu no ano passado mais de 329 toneladas de drogas, o suficiente para encher 55 caminhões, com capacidade máxima de 6 toneladas, com entorpecentes.
A maconha foi a droga mais apreendida pelos policiais federais, foram 246,4 toneladas, seguida pela cocaína, em um total de 78,5 toneladas. Também foram tiradas de circulação 3,4 toneladas de skank, além de porções menores de drogas como haxixe e ecstasy.
Neste ano, até 30 de abril, já foram apreendidas mais de 74,7 toneladas, cerca de 22% do total apreendido no ano passado, que, por sua vez, apesar de ser uma quantidade expressiva, foi 23% menor do que o total apreendido em 2017.
Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo lideraram em volume de apreensões(veja tabela abaixo), principalmente por serem estados com um controle de fronteira mais rígido e onde estão velhos caminhos da rota de tráfico de drogas no país.
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Para Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, o aumento nas apreensões é positivo, mas o país ainda precisa aperfeiçoar também o controle sob os produtos químicos utilizados para a produção de entorpecentes.
“Todo mundo sabe que para fazer drogas, especialmente cocaína, é preciso insumos químicos. A Polícia Federal faz o controle destes produtos, então se eles não caem nas mãos dos criminosos, automaticamente eles não podem produzir as drogas e, este controle precisa ser fortalecido”, afirma Camargo.
Aeroporto e portos
Os aeroportos brasileiros também passaram a ser um dos principais pontos de apreensão de drogas pela Polícia Federal. Em 2018, foram 2,8 toneladas apreendidas.
O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por ser o maior aeroporto do país e o principal do país para voos internacionais, concentrou mais da metade dessas apreensões, foram 1,8 toneladas e mais de 292 pessoas presas.
Depois dele, o aeroporto de Manaus, no Amazonas, aparece em segundo com mais de 521 kg de drogas apreendidas e 88 pessoas detidas.
Já os portos, que passaram a ter uma fiscalização intensificada principalmente com o apoio de agentes da Receita Federal, foram apreendidas mais de 32,3 toneladas só de cocaína, sendo que 31 toneladas foram encontradas por fiscalizações da Receita Federal.
Segundo os dados da Polícia Federal, o porto com maior volume de apreensões foi o de Santos, no litoral paulista, com mais de 23 toneladas de drogas apreendidas, seguido pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, com mais de 4,7 toneladas.
Muito ou pouco
Apesar de ser uma quantidade expressiva de drogas apreendidas pela Polícia Federal no país, é difícil, segundo especialistas ouvidos pelo R7, estimar se este total é muito ou pouco.
Segundo um levantamento do procurador federal Osório Barbosa, publicado na internet, em 1998, Bolívia, Colômbia e Peru juntos tinham cerca de 215 mil hectares de folha de coca, principal substância usada para produzir a cocaína, segunda droga mais apreendida em 2018 no país.
Ainda segundo Barbosa, cada hectare produz 1 tonelada de folha de coca, e que a produção dos três países resultaria em 600 milhões de toneladas de folha de coca, que se totalmente utilizadas para a produção de cloridrato de cocaína, resultaria em 2.000 toneladas da droga em sua forma em pó.
Se compararmos o total de cocaína aprendida em 2018 com um cenário de que metade destas 2.000 toneladas passaram pelo Brasil de alguma forma, a quantidade apreendida pela PF seria de menos de 8% da capacidade de produção estimada em 1998, 21 anos atrás.
“Não sabemos exatamente a quantidade que é produzida ou a quantidade que está sendo interiorizada no país. O único dado comparativo é se aprendi mais ou menos que o ano anterior, não consigo aferir se 100 toneladas são metade do mercado ou um 1% do que circula no mercado nacional”, enfatiza o perito federal Marcos Camargo.
R7