Suplementos dietéticos (para ganho de massa muscular, energia extra e, principalmente, perda de peso) podem desencadear em graves problemas para adolescentes – levando até à morte. É o que aponta um novo estudo da Iniciativa de Treinamento Estratégico para a Prevenção de Transtornos Alimentares, da universidade de Harvard (EUA).
Os pesquisadores do estudo, publicado no Journal of Adolescent Health, ressaltam que leis para manter suplementos potencialmente nocivos fora do alcance de jovens são urgentemente necessários.
Como foi feito o estudo
A pesquisa analisou os relatórios da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos e os problemas de saúde associados a suplementos entre indivíduos com 25 anos ou menos. Esses relatórios foram comparados com os resultados da ingestão de vitaminas pelo mesmo público.
Resultados
Quase 1.000 ocorrências foram registradas em jovens que tomaram suplementos dietéticos durante a análise. Destas, 40% eram casos graves (como hospitalização e morte).
Além das chances de óbito, os estudiosos verificaram que os suplementos dietéticos estão diretamente ligados a maiores chances de AVC, câncer de testículo e danos ao fígado.
Suplementos dietéticos que prometiam perda rápida de peso, massa muscular e maior energia apresentam um risco três vezes maior à saúde em comparação com suplementos de vitaminas. Suplementos comercializados para aumentar o apetite sexual também apresentaram altos riscos de incidentes médicos.
O estudo aponta ainda que muitos dos suplementos são adulterados, com substâncias ilegais, metais pesados, pesticidas e elementos químicos extremamente prejudiciais. Fazem sucesso entre os jovens justamente por esses estarem numa fase de autoconhecimento e aceitação, com uma preocupação excessiva e até mesmo irreal relacionada à autoimagem.
Como evitar perigos com suplementos
O Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa dos Estados Unidos divulgou 10 fatores que todos devem saber sobre suplementos para crianças e adolescentes. Confira:
1. A regulamentação para comercializar suplementos inadequados tem suas falhas de rigidez.
2. Suplementos dietéticos podem ser de baixa qualidade, contendo substâncias ilegais, produtos químicos e metais. Há estudos que comprovam divergências entre rótulos e o conteúdo de fato vendido em embalagens de suplementos do tipo.
3. Suplementos podem reagir com outros medicamentos e ter efeitos colaterais sérios.
4. A maioria das crianças que vão ao hospital por problemas com suplementos os tomam quando nenhum adulto está por perto. Embalagens mais difíceis de abrir não impedem com que crianças possam ingerir tais suplementos.
5. Há suplementos vendidos como homeopáticos e naturais, com a promessa de que podem prevenir jovens de doenças – o que é falso. O ideal é que crianças e adolescente sejam vacinados conforme as recomendações de seus países.
6. Atente-se a alguns dados sobre suplementos comuns:
Erva-de-São-João (também chamada de Hipérico ou Hipericão): reage negativamente com diversos remédios, como antidepressivos, anticoncepcionais, remédios para tratamentos de câncer e convulsão. Melatonina: usado como remédio para dormir, não tem base científica o bastante que provam seus efeitos a longo prazo. Probióticos: não são recomendados para jovens que estejam com baixa imunidade e não há comprovação científica sobre seus efeitos a longo prazo. Ômega 3: pode causar problemas estomacais em jovens, como indigestão e diarreia.Multivitamínicos: não recomendados para crianças e adolescentes, pois o ideal é que consumam vitaminas a partir de uma dieta variada e saudável.
7. Alguns produtos comercializados como suplementos dietéticos e que prometem resultados na musculação contêm esteroides. Isso pode acarretar em problemas graves ao fígado, AVC, insuficiência renal e demais condições sérias.
8. Suplementos dietéticos à base de açaí, cafeína e guaraná, por exemplo, são vendidos para perda de peso rápida. Porém, não mantêm o peso a longo prazo e têm efeitos colaterais, como alterações no ritmo cardíaco.
9. Suplementos tidos como naturais não são necessariamente seguros à saúde.
10. Atenção: leve seus filhos regularmente ao médico para exames e dúvidas sobre possíveis riscos de quaisquer complementos alimentares.
R7