“As orelhas de abano podem não afetar a saúde de uma criança, mas com certeza podem afetar sua autoestima”, afirma a pediatra Célia Bocci, do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo. Segundo a médica, as consequências psicológicas que a condição pode oferecer à criança podem chegar a ser limitadoras, fazendo com que ela não queira frequentar a escola ou sair para brincar com medo de ouvir comentários inadequados.
Felizmente alguns desses traumas podem ser evitados com ações logo no início da vida do bebê. “Nos primeiros 45 dias de vida, as crianças podem usar um molde de silicone na orelha. Esse método costuma apresentar maiores chances de reversão da proeminência, mas só funciona se realizado quando ainda bebê, porque a orelhinha ainda não está completa”, diz a pediatra.
Embora seja eficaz, o acesso ao molde se dá apenas com o investimento, visto que é considerado um procedimento estético. Por ter de ser trocado a cada duas semanas para refazer a moldagem e acompanhar o crescimento da orelhinha, os preços podem variar de R$ 3 mil a R$ 10 mil.
“Outra opção utilizada é a faixa, que envolve a cabeça da criança, mas não apresenta tanta eficácia quanto o molde e pode causar úlceras de pressão atrás da orelhinha da criança”, explica Célia.
Já a correção por cirurgia plástica pode ser realizada a partir dos sete anos, quando a orelha da criança está completamente formada e não crescerá mais. Entretanto, é necessário que a criança queira realizar a cirurgia, que também pode ser realizada depois de adulta.
Célia afirma que a otoplastia é considerada um procedimento estético, assim, não tendo seu valor coberto por convênios ou pelo SUS. A realização da cirurgia varia entre R$6 mil e R$8 mil e precisa de um encaminhamento médico de um otorrinolaringologista ou um pediatra, que indicará o profissional adequado para a criança.
Após a otoplastia, Célia afirma que os pacientes costumam voltar para casa no mesmo dia. O paciente deve tomar cuidado com o curativo e evitar a exposição ao Sol e a realização de atividades físicas durante um mês. “São mínimas as chances de reversão da otoplastia. O efeito dela não é apenas estético, mas traz segurança àquela pessoa”, alega.
As orelhas de abano são uma condição genética que altera a formação das orelhas, mas não afeta a audição. Seu aparecimento independe de raça ou sexo e está ligado à hereditariedade, tendo 50% de chances ou mais de a criança ter a orelha proeminente se ambos os pais tiverem a condição, e até 20% de chances se apenas um deles a tiver.
R7