A herpes zoster é mais comum em idosos devido à queda na imunidade que ocorre nesse período da vida, segundo a médica geriatra Maisa Kairalla, presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
“É extremamente comum em idosos, principalmente a partir dos 60 anos. O envelhecimento causa uma modificação no sistema imunológico. Estima-se que 1 em cada 3 pessoas a partir dos 75 anos possam apresentar o vírus, mas nem todos vão manifestar a doença”, afirma.
Apesar do nome em comum, a herpes simples e a herpes zoster são doenças diferentes. A herpes simples é provocada pelo vírus herpes humano (HSV 1 e 2) e a herpes zoster é causada pelo mesmo vírus da catapora, o varicela-zóster, que é reativado, levando a uma inflamação no gânglio nervoso, onde o vírus se aloja.
Elas também se manifestam de maneiras distintas. A herpes simples se caracteriza por pequenas bolhas, chamadas de vesículas, agrupadas na boca ou em outras partes do corpo.
Já a herpes zoster aparece como lesões avermelhadas, geralmente no rosto ou nas costas, as regiões mais comuns, seguidas de vesículas. As vesículas acompanham um nervo, por isso aparecem só de um lado do corpo e podem causar dor intensa, a chamada neuralgia. Quando se formam crostas, significa que o ciclo do vírus está encerrado.
“Geralmente causa dor. Por isso, costuma ser confundida com alergia ou picada de inseto, o que causa atraso no diagnóstico e grave prejuízo ao tratamento, que deve ser iniciado o quanto antes”, afirma.
Segundo a médica geriatra, cerca de 98% da população brasileira têm o vírus da herpes zoster alojado no corpo. “Até os índios do Xingu têm. Não é preciso ter tido tido a doença para ter herpes zoster, basta o contato com o vírus. Quando há queda da imunidade, esse vírus pode se manifestar. Está havendo uma aumento da doença entre jovens devido ao estresse”, explica.
Ao se manifestar, a herpes zoster dura de 7 a 10 dias. Nesse período, ela é contagiosa caso haja contado de pele com pele, pois o vírus fica ativo dentro das vesículas – ele não é transmitido pelo ar. Embora a grande maioria das pessoas já tenha tido contato com o vírus ao longo da vida, a médica geriatra ressalta que a pessoa com herpes zoster não deve ter contato com grávidas.
“A gestante é imunodeprimida e a doença é perigosa para ela e para o bebê. Entre os perigos estão a herpes mais alastrada, encefalite e doenças que atingem as meninges”, afirma.
Entre os riscos de complicações da herpes zoster estão cegueira, surdez e a chamada neuralgia pós-herpética, uma dor no local durante anos mesmo após o fim da manifestação da doença. O problema também pode evoluir para infecções bacterianas, de acordo com Kairalla.
O tratamento da herpes zoster é feito por meio de antivirais usados para controlar a replicação do vírus, mas eles só fazem efeito se forem utilizados nas primeiras 48 horas do aparecimeno das lesões na pele. “A eficácia ocorre somente nesse período. O remédio diminuiu o tamanho da lesão”, diz.
Quem já teve a doença pode ter de novo, mas é raro. “A herpes zoster é reincidente em 10% das pessoas”. Segundo a médica, a melhor forma de prevenção é a vacina própria, chamada Zostavax, indicada após os 60 anos. Essa vacina é oferecia apenas na rede privada e custa em torno de R$ 450.
R7
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