CPMI das Fake News promete investigar a fundo as fraudes disseminadas nas redes sociais. O Brasil ocupa o terceiro lugar, depois da Turquia e México, em disseminação de fake News
A criminosa disseminação de notícias fraudulentas, mais conhecidas como “fake news”, sobretudo através das redes sociais, foi tema de vigoroso debate na manhã desta sexta-feira, 20 de setembro, no auditório da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), em Salvador. O evento foi fruto de uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), com o apoio da ABI e da Faculdade de Comunicação (Facom) da Ufba.
Na mesa, nada menos que o presidente e a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, instalada no Congresso no dia 4 deste mês, que avaliaram as perspectivas, importância e alcance da Comissão. Só para citar um dado trazido ao evento, atualmente 25 milhões de crianças e jovens entre 9 e 17 anos de idade usam a internet, o que equivale a 86% dessa população.
O presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), informou que o assunto é de amplo interesse, porque na sociedade da informação em que vivemos a credibilidade das notícias tem o poder de mudar os destinos do País. Ele lembrou que o Brasil ocupa o terceiro lugar, depois da Turquia e México, em disseminação de fake News. Coronel falou ainda sobre a pressão que os setores ligados ao governo Bolsonaro vem fazendo para evitar o funcionamento da Comissão. “Por isso mesmo, é preciso investigar em profundidade essa questão”, afirmou.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI, explicou que o trabalho da Comissão vai investigar os rastros deixados por essas notícias falsas não apenas no Brasil como em outros países também. Segundo ela, as empresas proprietárias das redes sociais serão chamadas a depor sobre os mecanismos de segurança contra as falsas notícias. Também serão chamados a dar explicações os acusados de se utilizarem do artifício nas eleições do ano passado. “as fake news ameaçam a democracia”, finalizou.
Marco ético
Na pauta da CPMI está a convocação das empresas responsáveis pelo Facebook, Tweeter, Instagram etc., para a construção de um marco ético nas redes sociais. Os parlamentares pretendem contar com a participação e o apoio de entidades como ABI, OAB, Fenaj, além de profissionais e estudiosos ligados às universidades e organismos não governamentais para qualificar o trabalho investigativo.
Ainda durante o debate, a diretora da Facom, Suzana Barbosa, chamou a atenção para a falta formação das crianças e jovens sobre como ler os textos na internet. Para ela, as escolas deveriam ter disciplinas específicas que ensinassem aos jovens lidar com os conteúdos que disseminam as informações falsas.
Citando o lema da ABI: “A verdade em primeiro lugar”, o presidente da entidade, Walter Pinheiro, destacou a oportunidade desse debate e disse que os jornalistas são chamados a essa tarefa fundamental de defender e lutar pela qualidade da informação.
O presidente do Sinjorba, Moacy Neves, disse que essa é uma primeira iniciativa do Sindicato em trazer para o foco da sociedade assuntos que são definidores do mundo contemporâneo, especialmente no campo de ação dos jornalistas. Neves assegurou que outros eventos da mesma relevância vêm por aí e finalizou com a frase que marcou a posse da nova diretoria do Sindicato: Contra a pior fake News, o bom jornalismo!