A mulher apontada pela polícia como a maior traficante da Bahia foi apresentada durante coletiva policial realizada em Salvador, nesta segunda-feira (30). À imprensa, ela negou que tenha cometido os crimes que a polícia atribui a ela, como homicídios e tráfico de drogas, e disse que vai escrever um livro para contar a história da vida dela. Ela chegou a chorar na coletiva.
Conhecida como “Dona Maria”, Jasiane Teixeira, de 31 anos, foi presa na última quarta-feira (25), na cidade de Biritiba Mirim (SP), onde estava escondida. Na sexta-feira (27), ela foi transferida para Salvador sob forte esquema de segurança, com mãos e pés algemados e olhos vendados.
A mulher diz estar surpresa com a prisão e afirmou que desconhece todas as acusações feitas pela polícia. Ela também falou que está sendo usada para chamar atenção.
“Eu quero dizer que isso é simplesmente holofote em cima de mim. Sou uma simples mulher, como outra qualquer, e me deram uma fama da qual eu desconheço. Isso para mim é tudo novo”, disse.
“Eu sou um ser humano qualquer, mãe, e sei que Deus tem um plano muito grande na vida. Inclusive, eu vou escrever um livro. Alguma editora que quiser. Se você tem uma oportunidade, pegue os limões e faça uma limonada”, completou.
A suspeita também alega que acredita estar grávida, no entanto, se negou a fazer testes de gravidez propostos pela polícia e não quis comentar o motivo.
Jasiane ainda contou que não tinha namorado, como afirmou a polícia. Segundo ela, o homem com o qual estava quando foi presa era um conhecido que apenas havia dado uma carona para ela. A suspeita disse também que estava em São Paulo para visitar uma das filhas, que mora na região.
Inicialmente, o advogado de Jasiane, Walmiral Marinho, havia divulgado que as filhas dela, que têm 10 e 4 anos, moravam com ela, contudo a informação foi corrigida pela polícia e pela suspeita nesta segunda-feira.
De acordo com o delegado Marcelo Sanção, diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), uma das meninas vive em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, com uma babá, e a outra mora em São Paulo, com um casal. Ambas mantidas financeiramente pela suspeita.
Segundo o delegado Flávio Góis, diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), a mulher movimentava muito dinheiro com a atividade criminosa no estado e, além das filhas, mantinha a faculdade de medicina de uma familiar no Rio de Janeiro.
Ainda conforme o diretor da Depin, a suspeita vivia em fuga, se deslocando por várias partes do Brasil, e usava documentos falsos para viver como uma pessoa inocente, porém em vida de luxo, com roupas de grife.
A polícia, no entanto, não detalhou qual era o rendimento da suspeita com os crimes e nem em quanto estão avaliados os bens dela. Segundo o diretor da Draco, a situação ainda está em apuração.
Assim como os crimes, Jasiane nega a vida de luxo. A suspeita diz que vivia com a ajuda da mãe e do aluguel de uma casa que tem na Bahia.
“Minha mãe me ajudava com o que podia, eu tinha uma casa também, a partir desse aluguel. E era assim”.
Após a coletiva, a mulher foi encaminhada para a sede do Draco, onde ainda será ouvida. Após depoimento, a suspeita segue para o sistema prisional.
Histórico criminal
Procurada há mais de 3 anos, Jasiane era a dama de copas do Baralho do Crime da SSP-BA – ferramenta que reúne os criminosos mais procurados do estado.
A mulher foi condenada pela morte de um agente penitenciário e tinha três mandados de prisão por outros crimes, incluindo tráfico de drogas e homicídio. Contra a suspeita, há também investigações por envolvimento com corrupção de menores, roubos, falsificações e tráfico de armas.
De acordo com a polícia, após a morte do pai das filhas, identificado como Bruno de Jesus Camilo, que era chefe de uma quadrilha na Bahia, Jasiane se aliou a integrantes de outros grupos criminosos do estado e do Rio de Janeiro e passou a comandar a distribuição de drogas no sudoeste baiano e em outras regiões do estado, como Minas Gerais.
Além disso, conforme a polícia, Jasiane também foi responsável por intermediar a compra de armamento pesado, como fuzis e granadas para os grupos que chefiava.
No ano passado, uma aeronave foi apreendida pela polícia de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. Conforme a polícia, o avião era usado para trazer drogas e armas da Bolívia, Venezuela, Colômbia e Peru, sob operação de Jasiane. Três homens foram presos na ação.
G1