O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse hoje (24) que o governo fará análises para ver se o óleo que vem sendo encontrado no litoral nordestino está afetando a cadeia alimentar marítima. Segundo Mandetta, unidades de saúde têm recebido casos de pessoas relatando problemas de saúde após terem manipulado o produto encontrado nas praias.
De acordo com o ministro, o óleo encontrado apresenta uma quantidade baixa de compostos químicos, “infinitamente inexpressiva”, se comparados às dimensões oceânicas.
“Esse óleo, ou essa substância, tem na sua composição química uma quantidade baixa que, no meio ambiente, dentro da água e na diluição de um oceano, é infinitamente inexpressiva”, disse o ministro enquanto participava 5° Fórum FenaSaúde em Brasília.
Ao deixar o evento, Mandetta comparou o caso ao do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. “Isso não é, para nós, no momento, diferente do que tivemos em Brumadinho, onde atua nossa equipe de acidentes naturais. Ali [em Brumadinho] eu tinha vítimas, precisava de hospital e de Samu; ali eu tinha problema de abastecimento de água; tinha metal pesado, lençol freático, frutas, verduras, leite, vaca… Ali e em Mariana, a gente tinha uma situação muito mais complexa do que esta, que tem um único tipo de agente, que impacta visualmente, mas, do ponto de vista mecânico da retirada, retira-se rápido.”
Segundo o ministro, a característica do material encontrado nas praias e no mar nordestino é diferente dos outros tipos de óleo que costumam ficar na superfície, de onde podem ser retirados com a ajuda de bombas de sucção. “Agora, se isso não flutua, é preciso ver como está a parte de baixo, e se está afetando a cadeia alimentar; se tem impregnação no coral ou no fundo.”
Para fazer essa avaliação, o Ministério da Saúde trabalha com a Secretaria da Pesca, do Ministério da Agricultura, de forma a fazer análises do pescado, da ostra, do mexilhão e da lagosta, que são parte da cadeia alimentar de quem está no litoral.
Mandetta disse que unidades de saúde têm sido procuradas por pessoas que manipularam a substância. “Vimos também muito as pessoas, na ânsia de ajudar, manipulando aquilo sem luvas, nem o mínimo de proteção. Aí, é claro que a pessoa terá irritação na pele, coceira, alergia, inalação, porque é um contato intensivo”, afirmou.
Segundo o ministro, algumas dessas pessoas informaram ter usado substâncias ainda mais abrasivas do que o próprio óleo para fazer a limpeza da pele – no caso, benzina, gasolina e querosene, entre outros. “Por isso, temos recomendado o uso de água e sabão, fricção mecânica ou mesmo óleo de cozinha, que temos em casa mesmo, para retirar essa substância da pele.”
Agência Brasil