Opções de tratamento da doença variam da Vigilância Ativa à Cirurgia Robótica
Grande parte dos homens já ouviu falar que o diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta muito as chances de cura da doença. Apesar disso, muitos pensam: “comigo não vai acontecer”. Este pensamento “otimista demais” acaba incentivando a não-realização dos exames regulares de rastreamento – PSA e exame de toque. Como o tumor em seu estágio inicial raramente apresenta algum sintoma, se o homem espera sentir alguma dor ou incômodo para procurar um especialista, pode ser tarde. A partir do diagnóstico da doença feito por um urologista, as opções de tratamento são variadas.
O câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele. Embora seja uma doença comum, muitos preferem não conversar sobre o assunto, por medo, preconceito ou desconhecimento. “Contudo, é muito importante que as informações sobre o tumor, sua prevenção e tratamento, sejam amplamente disseminadas na sociedade. E é por isso que nós, urologistas, valorizamos tanto a campanha ‘Novembro Azul’, justamente porque ela cumpre este propósito de conscientizar os homens a respeito da importância do diagnóstico precoce e dos cuidados com a saúde como um todo o ano inteiro e não apenas em um mês específico”, destacou o uro-oncologista, Augusto Modesto.
Diagnóstico – A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens a partir de 50 anos procurem anualmente um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar o rastreamento aos 45 anos. A doença é confirmada após a biópsia, que só é indicada se houver alteração significativa no exame de sangue (PSA) e/ou no toque retal.
“Uma das técnicas mais avançadas para confirmar a doença, a biópsia prostática combinada com fusão de imagens, chegou à Bahia este ano. Sua principal vantagem é a maior precisão no diagnóstico. No procedimento, as imagens da ressonância magnética multiparamétrica da próstata se fundem às do ultrassom transretal para teleguiar a retirada de fragmentos das áreas suspeitas, que são analisadas. Já a biópsia transretal tradicional é feita de forma aleatória, o que significa que os fragmentos colhidos sistematicamente podem não conter uma amostra do tumor, mesmo que o paciente o tenha. Além disso, o fragmento biopsiado aleatoriamente, pode conter apenas uma área menos agressiva do câncer de próstata, o que acaba não ajudando na definição do melhor tratamento”, frisou Augusto Modesto.
Tratamentos – O câncer de próstata, na maioria dos casos, cresce de forma tão lenta que não chega a ameaçar a saúde do homem. Em outros casos, porém, o tumor pode crescer rapidamente, se espalhar para outros órgãos (metástase) e causar a morte. Por esta razão, o tratamento de cada caso deve ser feito de forma personalizada. Para tumor localizado, que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos, podem ser indicadas a cirurgia (aberta, laparoscópica ou robótica), radioterapia e até mesmo a observação vigilante, também conhecida como vigilância ativa.
Doenças localmente avançadas podem requerer radioterapia e/ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal. Para doença metastática, o tratamento mais utilizado tem sido a terapia hormonal, às vezes, associada à quimioterapia. “A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um”, afirmou o uro-oncologista Augusto Modesto.
Vigilância ativa – O monitoramento do câncer de próstata de baixo risco e pouco volume por meio de exames e consultas periódicas para postergar o máximo de tempo possível a cirurgia ou a radioterapia é conhecido como vigilância ativa. Enquanto o paciente atende aos critérios pré-estabelecidos, a vigilância se mantém. Apenas se houver progressão do tumor, o paciente é retirado do protocolo e encaminhado para tratamentos convencionais. O maior benefício do tratamento é a promoção da qualidade de vida através da prevenção de morbidades frequentemente associadas ao tratamento do câncer de próstata.
“É importante deixar claro para o paciente que a vigilância é uma estratégia que possui critérios bem definidos. Além disso, o perfil psicológico do paciente influencia na tomada de decisão sobre adotá-la ou não. O importante é apresentar todo o arsenal terapêutico disponível para o tratamento do câncer da próstata para o paciente, deixando-o seguro para tomar a melhor decisão para o seu caso. Nada deve ser omitido”, frisou o especialista.
Cerca de 30 a 40% dos pacientes que se submetem à cirurgia para tratamento de câncer de próstata podem ficar impotentes. Além disso, aproximadamente 5 a 15% dos pacientes submetidos à cirurgia podem apresentar algum grau de incontinência urinária. “Sobretudo para pacientes de meia idade, tornar-se impotente ou ter que usar fraldas descartáveis não só abalam seu bem estar, como também pode ser constrangedor. Se podemos evitar ou adiar esses problemas através da vigilância ativa, por que não fazer?”, questiona Augusto Modesto que, desde 2015, acompanha pacientes que optam por essa estratégia.
Os critérios para entrar no protocolo de vigilância ativa são classificados com base nos exames de toque retal, PSA, e, principalmente, na biópsia da próstata, de preferência, guiada por fusão de imagens da ressonância multiparamétrica da próstata. O monitoramento dos pacientes em vigilância ativa pode ser feito com toque retal e dosagem de PSA a cada 3 a 6 meses, biópsia anual e ressonância magnética.
Cirurgia – Quando o tratamento do câncer de próstata precisa ser cirúrgico, a glândula deve ser retirada totalmente (prostatectomia radical). Nesse caso, além da próstata com sua cápsula, são retirados alguns dos tecidos à sua volta, incluindo as vesículas seminais. O acesso cirúrgico pode ser aberto ou convencional, laparoscópico ou robótico que, na verdade, é uma evolução da segunda. “Na laparoscopia, que apresenta vantagens sobretudo em termos de recuperação para o paciente, inserimos instrumentos especiais através de pequenas incisões, para remover a próstata. Um desses instrumentos tem uma pequena câmara de vídeo na extremidade, que permite a visualização interna do abdome”, detalhou Augusto Modesto.
Já a técnica robótica, disponível em dois hospitais de Salvador, adiciona um equipamento de maior tecnologia, com uma visão 3D, movimentos mais delicados, impossíveis de serem realizados pela mão humana ou pela laparoscopia, além da melhor ergonomia para o cirurgião. “Podemos dizer que a robótica é um aperfeiçoamento da laparoscopia, agregando, não só benefícios para o paciente, mas também para o cirurgião”, concluiu o médico. “Vale lembrar que o robô é como um escravo, ou seja, só realiza os movimentos que o cirurgião solicita. Portanto, não significa que a cirurgia robótica é melhor sempre! Depende de quem está por trás do robô, da experiência e da habilidade do cirurgião”, pontuou o uro-oncologista.
HIFU – Conhecido do inglês como high intensity focus ultrasound ou ultrassom focal de alta intensidade, o HIHU ainda é um método novo, não disponível na Bahia, que trata o tumor sem cortes ou sangramento, reduzindo complicações e riscos importantes como a impotência sexual e a incontinência urinária. O método bastante específico é reservado para um segmento muito pequeno de pacientes com câncer de próstata localizado. “Sua indicação deve ser discutida e compartilhada com o paciente, porque não é um método isento de complicações e pode, inclusive, comprometer