Informações do Ministério da Defesa apontam que o Brasil vai voltar a ser um grande exportador de produtos de defesa, como já foi um dia. Segundo a pasta, a média histórica de exportações que nos últimos anos alcançou R$ 900 milhões está próxima de atingir R$ 1,5 bilhão este ano.
Para o secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut Pontes, até 2022 esse valor pode chegar a R$ 6 bilhões, embora ainda seja baixo o percentual de participação do setor na pauta do comércio exterior. O secretário participou, hoje (21), do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2019, no Centro de Convenções Sul América, na região central do Rio de Janeiro.
O secretário esclareceu que a produção brasileira nesta área é extensa e passa por aviões de treinamento até aviões de ataque leve, sistema de controle de tráfego aéreo e sistema de defesa. “Como se diz no jargão militar, do alfinete ao foguete”, frisou.
De acordo com Degaut, o Brasil perdeu mercados importantes para este setor desde a década de 80 e agora o Ministério da Defesa trabalha em um planejamento estratégico para reduzir os gargalos que impedem o crescimento das exportações.
Na visão dele, parte das dificuldades é que o setor não é visto como importante para a economia nacional. “De forma geral a sociedade brasileira não entende o que chamamos de economia de defesa, ou seja, a parte industrial de defesa como geradora de empregos altamente qualificados e de renda. É um setor que tem um efeito multiplicador sobre a economia muito grande, que gera um salto qualitativo em termos de desenvolvimento tecnológico muito grande, que arrecada tributos, royalties, divisas, que tem potencial exportador”, indicou.
Segundo o secretário, em cada R$1 investido nessa indústria o retorno é de quase R$10. “É importante que se discuta esse setor. Que se entenda a importância da economia de defesa para a economia nacional e para o comércio exterior brasileiro. O efeito multiplicador é de 1 para 9,8, ou seja, cada real investido na base industrial de defesa gera em retorno R$ 9,8. Não existe nenhum outro setor com esta rentabilidade”, disse.
Retomada
Degaut revelou que o Ministério da Defesa junto a atores privados, à Associação Brasileira de Materiais Bélicos e ao Sindicato de Materiais de Produtos de Defesa tem implementado um grande planejamento estratégico que identificou os gargalos, qual é a natureza deles e o que fazer para eliminá-los. “Uma política que é integrada e sistemática no sentido da eliminação ou mitigação de todos os obstáculos à produção de produtos de defesa. Os resultados já estão surgindo. A média histórica de exportação de produtos de Defesa nos últimos cinco ou dez anos foi da ordem de R$ 900 milhões ano, já estamos nos aproximando este ano de R$1,5 bilhão, ainda é pouco, podemos chegar facilmente a R$ 6 bilhões, mas é um caminho e pretendemos chegar lá em muito pouco tempo. Essa é uma orientação do presidente da República”, apontou.
O secretário destacou que o Brasil conseguiu eliminar alguns obstáculos no que diz respeito a financiamentos e garantias no setor. “Isso é absolutamente vital para que as empresas brasileiras possam exportar. 65% do material controlado que é produzido, é exportado. Sem financiamento e garantia não se avança e estamos avançando”, completou.
Financiamentos
Conforme o secretário, os financiamentos são realizados via bancos privados nacionais ou estrangeiros, mas as garantias, de um forma geral, são públicas. “Daí o papel importante de reduzir os obstáculos, porque não adianta o financiamento e não ter a garantia que o produto possa ser entregue. Garantia, no Brasil hoje, só as instituições oficiais”, informou, acrescentando que há destaque para a produção de equipamento não letal, aviões, sistemas de controle aéreo e de monitoramento de fronteiras. “É uma gama muito grande de produtos”.
Degaut acrescentou que o setor tem uma peculiaridade. As vendas são feitas entre governos. “Essa é uma peculiaridade do setor de defesa. Os negócios são de governo a governo. Não se vende produtos de defesa para o setor privado. Por meio do governo, vende para outro governo. Só quem tem esses produtos são governos”, revelou.
Agência Brasil