Ao se despedir do Ministério da Saúde na tarde dessa quinta-feira (16), o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta homenageou a Santa Dulce dos Pobres, canonizada em 2019. Ele pediu para que uma servidora colocasse a imagem da santa atrás da moldura de sua foto, na galeria da pasta.
“Quando fui a Salvador ver o hospital da obra de Irmã Dulce, estava com prefeito ACM Neto e ele se ajoelhou. Eu decidi ajoelhar também e rezar para que ela iluminasse o país. E disse: Irmã Dulce, se a senhora for santa, vou no Vaticano. Achei que ia demorar 30 anos e pagar a promessa lá na frente, mas fui. Chegando lá, o que eu pedi foi: protege o SUS, porque, ao proteger o SUS, a senhora protege muita gente”, discursou, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
A então beata baiana foi santificada em cerimônia no Vaticano, no ano passado. As ações dela são fisicamente perpetuadas por meio das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), entidade filantrópica que abriga um complexo de saúde 100% SUS, em Salvador.
“A obra dela era uma obra para gente pobre, gente da rua de Salvador, que ela nunca negou, nunca fechou a porta. Tudo o que fizemos aqui foi pensando nos mais humildes. No dia que gente desse ministério me falou como era o ônibus que vinha para cá, o grau de proximidade das pessoas, vamos falar em isolamento social como? O SUS vai pagar a conta de séculos de negligência, de favela, de falta de saneamento básico, de falta de cuidado com o povo mais humilde que é a grande massa trabalhadora desse país”, reconheceu o ministro, que fez comparações com o sistema de saúde dos Estados Unidos, com cidades como Nova York e Chicago em colapso. O país passou a ser o epicentro da Covid-19 no mundo.
“A gente pensa no nosso Brasil e nesse povo daqui e fala: Santa Dulce, nossa senhora, ajuda”, clamou.
Ontem chegou ao fim a novela do “cai, não cai” de Mandetta. Ele e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vinham travando um embate há semanas sobre as orientações diante da pandemia do coronavírus. Com mais de 30 mil casos de coronavírus no Brasil, o capitão rejeita a avaliação dominante na ciência e exalta a cloroquina como remédio, mesmo que sua eficácia não seja comprovada pelas autoridades de saúde. Além disso, ele defende o isolamento apenas para grupos de risco, medida contrária à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Mandetta.
Bahia Notícias