Desde que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, muitas são as perguntas acerca dos impactos da pandemia. Em relação às mulheres grávidas, são comuns algumas dúvidas. Elas fazem parte do grupo de risco? A gestação exige cuidados redobrados? As mamães transmitem para os bebês? A obstetra e professora da UNIFACS Sabrina Carvalho ajuda a esclarecer as principais questões.
Quais são os riscos para as gestantes?
A especialista explica que os riscos para gestantes consideradas saudáveis são os mesmos para a população em geral. “Não existem evidências na literatura científica até o momento de que elas tenham um risco maior ou de ter sua condição agravada, caso sejam infectadas”, observa.
No entanto, Sabrina alerta que aquelas que possuem alguma comorbidade podem ter mais complicações diante do novo coronavírus. Isso porque o aumento do volume abdominal associado a alguma patologia pré-existente diminui a capacidade pulmonar delas. E o pulmão é exatamente uma das áreas afetadas pela Covid-19, doença causada pelo vírus.
As futuras mamães podem transmitir o vírus para os bebês?
A professora da UNIFACS explica que, apesar de não haver evidências científicas de transmissão vertical – ou seja quando a gestante passa o vírus para o feto -, ainda não são conhecidas todas as variáveis, se esses bebês não vão ter nenhuma sequela, entra outras questões. Por isso, é importante redobrar essa atenção com as futuras mamães.
Como fica o pré-natal em tempos de distanciamento social?
A orientação é que deve ser mantido, mas segundo a especialista é preciso tomar alguns cuidados. Sabrina destaca que, para aquelas gestantes consideradas de baixo risco, a necessidade de certas consultas e exames pode ser reavaliada conjuntamente com o médico, para evitar riscos de exposição ao novo coronavírus nesse período.
“O Ministério da Saúde orienta que se mantenham pelo menos 6 a 8 consultas pré-natais durante a gravidez toda, mas agora tais encontros vão ocorrer de modo mais racional, avaliando os momentos da gestação em que são fundamentais”, informa. Já aquelas gestantes que apresentam algum risco, as consultas costumam ser mais frequentes.
E a amamentação para mulheres que testaram positivo para Covid-19?
A especialista explica que deve ser mantida, uma vez que não existem até o momento evidências de transmissão do novo coronavírus pelo leite materno. No entanto, Sabrina chama atenção para alguns cuidados. Por exemplo, se a mãe apresenta a Covid-19, é importante que ela conte com a ajuda de outra pessoa para dar assistência ao recém-nascido. Na hora da amamentação, ela deve usar máscaras e, antes de pegar o bebê, lavar com água e sabão das mãos até os cotovelos, por pelo menos 20 segundos, além de higienizar as mamas.
Tomar a vacina da gripe é importante para as grávidas?
Embora não proteja contra o novo-coronavírus, se vacinar contra o Influenza ajuda na hora de um possível diagnóstico e minimiza também o risco de coinfeçções (quando um organismo é afetado ao mesmo tempo por dois agentes infecciosos, por exemplo, pelo vírus da gripe e pelo novo coronavírus).
A professora explica que, nas gestantes, o vírus da gripe costuma evoluir para quadros mais graves e, com uma coinfecção, a chance de mortalidade aumenta, daí a importância da vacinação contra a gripe. As grávidas, inclusive, fazem parte do grupo prioritário da campanha de vacinação e, este ano, devem ser imunizadas na rede pública a partir do dia 9 de maio.
