Entre tantas válvulas de escape buscadas pelas pessoas no isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus, o consumo excessivo e frequente do álcool é nocivo não apenas à saúde física como também à mental.
Seja em chamadas ao vivo com amigos, ao lado de familiares ou momentos de solidão, o álcool se torna uma má companhia no confinamento
O que inicialmente seria uma tentativa de fugir da ansiedade e do estresse torna-se, portanto, justamente uma forma de se intensificar estes problemas. O hábito pode ainda desencadear quadros de depressão, relata o psiquiatra Alexandre Karam.
“O uso excessivo, frequente e a longo prazo de álcool está associado a um maior risco de depressão”, explica ele. Karam cita que quadros depressivos ocorrem em cerca de 40% dos dependentes de álcool.
Segundo o psiquiatra, as inseguranças vividas pelas pessoas podem fazer com que o consumo do álcool seja mais frequente e, assim, mais danoso à saúde mental.
Há, segundo Karam, diversas maneiras de se identificar a dependência do álcool: o alcóolatra bebe mais do que gostaria ou deseja controlar o uso, mas não consegue; o desejo intenso de beber; a interferência negativa na rotina profissional, familiar ou social pelo uso do álcool; tolerância, quando se consome quantidades maiores para obter o mesmo efeito; e síndromes de abstinência ao se interromper o consumo, como tremores, por exemplo.
O melhor caminho indicado por Alexandre Karam para evitar este hábito são os exercícios. Karam recomenda a todos atividades físicas e técnicas de relaxamento, que são “bons aliados no controle da ansiedade”. É válido, também, segundo ele, evitar estimulantes (como café, refrigerantes com cafeína, mates e energéticos).
Além disso, se a ingestão excessiva de bebidas alcóolicas é danosa à saúde física e à mental, seu consumo moderado pode ser positivo.
O infectologista Munir Ayub explica que o beber de forma consciente e em poucas quantidades – uma taça de vinho por dia, aconselha – ajuda o sistema imune no combate a infecções, como o próprio coronavírus: “melhora até a resposta imunológica, com aumento de antioxidantes.”
Em casos mais intensos, Karam recomenda a busca por atendimento médico psiquiátrico para tratamento do quadro de ansiedade com medicamentos ou a abordagem psicoterápica, feita por psicólogos. Ele ressalta que, neste contexto de pandemia, vários profissionais que trabalham com saúde mental atendem pela internet por conta do isolamento.
Munir Ayub alerta que, além dos danos como ansiedade, estresse e depressão, o alcoolismo “pode levar à diminuição da resposta imunológica, tornando as pessoas mais sensíveis e mais suscetíveis à infecção”.
O infectologista comenta, ainda, que este hábito geralmente faz as pessoas se alimentarem menos: “é muito comum a troca da bebida alcóolica em relação à alimentação normal, levando à desnutrição”. A diminuição na alimentação, prossegue ele, é mais um fator de piora no sistema imunológico.
Para além dos danos ao sistema imune, Ayub lembra que o consumo excessivo causa doenças no fígado, “que seriam um outro fator agravante”.
R7