Pesquisadores da Ensp (Escola Nacional de Saúde Pública), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) identificaram as principais fake news (notícias falsas) relacionadas à pandemia do novo coronavírus. A pesquisa foi elabora com base em denúncias encaminhadas para o aplicativo “Eu Fiscalizo”, entre os meses de março e maio, e dividida em duas etapas.
Na primeira, de 17 de março a 10 de abril, os dados revelaram que 65% das informações falsas que circularam no período apresentavam métodos caseiros para prevenir a covid-19. Entretanto, vale ressaltar, ainda não há comprovação científica que justifique métodos que não sejam aqueles indicados por autoridades de saúde.
Logo em seguida, com 20%, estão os métodos caseiros que teriam o potencial de “curar” a doença. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), embora exista um esforço global na busca por um medicamento específico, o tratamento atual consiste apenas na administração de remédios para amenizar os sintomas e, quando necessário, o acompanhamento por meio de hospitalização, seja em enfermarias, para casos leves e moderados, ou UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), em quadros mais graves.
Já 5,7% estão relacionadas a golpes bancários, 5% citam projetos falsos sobre arrecadações de dinheiro para instituições de pesquisa e, por fim, 4,3% são referentes ao novo coronavírus “como estratégia política”.
Em relação ao último item, no mês passado, a OMS fez um pronunciamento afirmando que o SARS-CoV-2 não foi criado em laboratório. De acordo com cientistas do Scripps Research, centro de pesquisa norte-americano sem fins lucrativos, o novo coronavírus tem origem natural.
Os pesquisadores analisaram o genoma (o material genético) do vírus e concluíram que “não há evidências de que o vírus tenha sido produzido ou manipulado sinteticamente”. As informações foram publicadas pela revista Natural Medicine.
Na segunda fase do estudo divulgado pela Fiocruz, que corresponde ao período entre 11 de abril e 13 de maio, foi observado um crescimento no volume de fake news questionando a origem do agente responsável pela infecção respiratória covid-19: o número saltou de 4,3% para 24,6%, de uma etapa para outra.
“Uma guerra nas redes sociais envolvendo informações enganosas, ambíguas e falsas além das consequências negativas para a saúde pública, prejudicaram a adesão a medidas de distanciamento social”.
A conclusão está no relatório técnico do CEPDES (Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que analisou os decretos estaduais para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus publicados ao longo do mês de março, quando o Brasil registrava oficialmente a primeira morte por covid-19.
De acordo com o levantamento, que está fundamentado em recomendações e indicações científicas da OMS (Organização Mundial da Saúde), os baixos índices de isolamento teriam contribuído, significativamente, para a “sobrecarga do sistema de saúde”, comprometimento do atendimento médico-hospitalar e, também, para a inclusão de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da doença.
Distrito Federal, Rio de Janeiro, Goiás e Alagoas foram os primeiros a oficializar ações de combate à crise sanitária, seja do ponto de vista social ou de saúde. São Paulo, que acumula 47.719 casos confirmados e 3.949 mortes, estabeleceu o regime de “quarentena” no dia 24 de março, restringindo o funcionamento de serviços não essenciais e recomendando que as pessoas ficassem em casa.
Os conflitos políticos, de acordo com a Fiocruz, também criaram um cenário de “mensagens contraditórias”, com potencial de interferir de forma “negativa” no resultado esperado pelas medidas de distanciamento social, além de criar uma sensação de desconfiança da população em relação aos setores de saúde.
R7