Em meio à pandemia, com recomendações de isolamento e distanciamento social, um serviço pensado para colocar as favelas de Salvador no mapa das entregas – ou delivery – registrou aumento de mais de 200% nas entregas.
Trata-se do TrazFavela, que se define como um “delivery de quase tudo” dentro das periferias soteropolitanas, levando produtos de dentro para fora da favela, bem como de fora para dentro dela.
Funciona assim: o empresário processa o pedido final do cliente e aciona o TrazFavela, que faz a intermediação com o entregador, e este leva o produto até o seu destino.
O serviço fechou o mês de abril com 113 entregas, um aumento de mais de 276,6% em relação a março, quando foram feitas 30. E a projeção para maio é ainda maior, como explica Iago Santos, de 27 anos, morador do bairro de São Caetano e idealizador do TrazFavela.
“Nesse mês de maio, a gente está prevendo ampliar um pouco mais essa média. A gente deve bater 150, 160 entregas no mês de maio”, afirmou.
A ideia do negócio surgiu a partir da observação de Iago, que trabalhava perto de uma empresa de logística de entregas por aplicativo e notou que o serviço não atendia aos bairros periféricos.
A dificuldade de conseguir entregadores é uma realidade para os empresários que atuam nas favelas, por isso Ingrid Reis não pensou duas vezes antes de abraçar o TrazFavela.
Ela, que tem um sex shop no bairro de Fazenda Grande do Retiro, foi a primeira parceira de Iago.
“O Traz Favela foi até a loja e conversou comigo como funcionava o serviço. Eu achei super interessante, porque é uma dificuldade imensa para conseguir entregadores na área de favela. O pessoal não quer ir, não atende o telefone. Com ele, eu não tenho esse problema”, afirmou.
Durante a pandemia, o sex shop de Ingrid teve uma queda no faturamento, porém as vendas pela internet cresceram consideravelmente, importante para dar um respiro para a empresária.
“O faturamento caiu um pouquinho, porque o pessoal está com medo de gastar o dinheiro todo nessa pandemia, mas não foi tão drástico por causa das entregas”.
Atualmente, o TrazFavela trabalha com 12 entregadores, entretanto conta com 35 cadastrados no banco de dados. Em relação aos comerciantes, são 25 parceiros e 50 cadastrados.
A empresa, composta por quatro pessoas, tem planos ambiciosos para um futuro recente, entre eles o lançamento de um aplicativo e a expansão para outras cidades do Brasil, como explica Iago Santos.
“A gente pretende lançar o aplicativo no meio de junho e, no final do ano, expandir para outros estados, no eixo Rio-São Paulo e também no Nordeste, subindo para Recife e Fortaleza”, contou.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae com micro e pequenos empresários de todos o país revelou que as empresas estão apostando nas vendas online para superar a pandemia.
Na Bahia, 30% dos entrevistados afirmaram que começaram a utilizar as redes sociais para realizar vendas virtualmente, enquanto 4% utilizam um site. Apenas 7% dos empresários relataram que utilizam plataformas e aplicativos de vendas online.
G1