As concessões de crédito, no período de 16 de março a 30 de abril de 2020, somaram R$ 472,6 bilhões, incluindo contratações, renovações e suspensão de parcelas. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o crédito para empresas cresceu 75,5%, em relação ao mesmo período do ano passado.
No momento que o país enfrenta crise do cronavírus e seus impactos na economia, foi registrado um total de contratações de operações de crédito de R$ 326,8 bilhões. Além disso, os bancos já renegociaram 7,4 milhões de contratos com operações em dia, que têm um saldo devedor total de R$ 425 bilhões.
Apesar dos programas do governo federal para estimular o crédito e da taxa Selic a 3%, segundo pesquisa realizada entre empresários, o dinheiro não está chegando na ponta. O Indicador de Facilidade de Acesso ao Crédito das Sondagens Empresariais, calculado pelo FGB IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), registrou perda de 31,8 pontos entre março e abril. O levantamento inclui comércio, construção, indústria de transformação e serviços.
Segundo Renata de Mello Franco, economista do FGV IBRE, essa foi a maior queda mensal da série histórica, fazendo com que o indicador atingisse 56,8 pontos, o menor valor desde junho de 2016 (55,3 pontos) e apenas 3,1 pontos acima do mínimo da série em abril de 2016 (53,7 pontos).
“Infelizmente não temos uma resposta das empresas sobre por que o crédito não está chegando. O acesso já vinha ficando mais difícil no começo do ano, mas piorou em abril e teve leve alta em maio. Quando fechar os dados de maio, será possível ver se houve realmente uma melhora”, afirma Renata.
Um dos gargalos que principalmente pequenas e médias empresas têm enfrentado é a burocracia. “Aumentou a disponibilidade de crédito, mas a burocracia continua. Neste momento de crise e incertezas, os empresários não estão conseguindo fazer previsões, e isso acaba atrapalhando na hora de oferecer garantias para a obtenção do empréstimo. Houve um aumento, mas o crédito está sendo barrado em algum aspecto burocrático”, explica a economista do FGV IBRE.
Propostas negadas
Para o presidente da ANR (Associação Nacional de Restaurantes), Cristiano Melles, a questão do crédito passou a ser um grande problema no setor, uma vez que antes da pandemia muitas empresas recorriam à antecipação de recebíveis de cartão. “Muitos empresários estão relatando uma série de dificuldades nessa área, o que prejudica ainda mais o setor”, afirma.
Segundo Melles, a maioria dos bares e restaurantes que pediram empréstimo teve proposta negada. Uma pesquisa feita pela associação apontou que 85% das empresas que fizeram pedidos para instituições financeiras tiveram propostas recusadas.
R7