Com o objetivo de entender e oferecer informações para gestores das redes públicas que ajudem a elaborar estratégia de atividades não presenciais durante a pandemia, a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures encomendaram uma pesquisa ao Datafolha publicada nesta semana.
O instituto de pesquisa realizou 1.028 entrevistas com pais ou responsáveis por 1.518 estudantes da rede pública em todo o Brasil, entre os dias 18 e 29 de maio.
“Sabemos que diversos municípios do país enfrentaram dificuldades para implementar o ensino remoto e é muito relevante ver que 74% têm acesso a algum meio tecnológico e consigam realizar atividades seja via televisão ou celular”, observa Lucas Rocha, gerente de Inovação da Fundação Lemann.
A pesquisa também mostra que a maioria desses alunos (84%) se dedica mais de uma hora por dia aos estudos. Segundo os pais ou responsáveis que responderam ao questionário, 82% dos estudantes estão fazendo a maioria das atividades escolares. “Uma hora realmente é muito pouco, os alunos do ensino médio, que tem mais autonomia, dedicam um tempo maior, mas a questão da participação nas aulas e atividades é um problema que precede à pandemia.”
Outro problema sério na Educação brasileira, mas que se agrava com a pandemia é a evasão escolar. Para Rocha, a preocupação maior é com os 25% que não tem acesso a equipamentos para acompanhar as aulas remotas.
“A preocupação é que ninguém fique de fora, que todos possam aprender”, avalia. Importante que no retorno escolar presencial, as redes possam atender primeiro aqueles estudantes que não puderam acompanhar as atividades remotas.
Do ponto de vista dos pais ou responsáveis, o estudo aponta que metade acredita que o aprendizado das crianças e jovens está evoluindo, enquanto 54% veem motivação dos alunos nas aulas.
Porém, 31% temem que o aluno desista da escola se não conseguir acompanhar as aulas em casa e 58% consideram muito difícil para as crianças sob sua responsabilidade manter rotina de estudos.
A dificuldade de acompanhamento está relacionada principalmente à falta de tempo dos adultos e à dificuldade para que eles expliquem as matérias. Quanto mais baixo o nível sócio-econômico da família, maior a dificuldade em acompanhar os estudos. A questão econômica interfere no acesso ao conteúdo online — menor o nível socioeconômico, menos acesso ao ensino remoto.
Essa é a primeira etapa da pesquisa, que trouxe um panorama geral da educação no país. Em meados de julho, um novo estudo fará um retrato da evasão escolar durante a pandemia e em agosto a percepção da família sobre o retorno das crianças à escola.
R7