A bacharel em direito Sandra Reis, 59, é cadeirante desde os 19 anos devido a um caso de espondilite aquilosante, doença que causa redução da flexibilidade da coluna. Em maio deste ano, ela teve que ser internada após se infectar com o coronavírus. De acordo com seu relato, a falta de ar se agravou rapidamente devido ao arqueamento no pescoço, causado pela deficiência.
“Para respirar, tive que ficar deitada. Se estava sentada e me dava falta de ar, tinha que receber oxigênio”. Em casa desde o dia 18 de maio, Sandra conta que permanece a sensação de fraqueza e dores pelo corpo. Ela diz que retornará ao médico para verificar possíveis sequelas da doença.
Uma das cosequências mais comuns da covid-19 em pacientes com mobilidade reduzida ou acamados é a presença da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC sequelar. É o que alerta Déborah Lollo, médica clínica-geral das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar na rede pública. Atuando com pacientes acamados, ela conta que muitos acabam dependendo de cilindros de oxigênio.
“A DPOC é uma sequela na qual o pulmão tem dificuldade de expansão. O paciente fica com muita falta de ar e o tórax tem um aumento. Dependendo da agressividade, a covid-19 pode acabar gerando essa sequela, especialmente em quem tem mobilidade reduzida”, explica.
“O fato de ser um paciente com deficiência não significa que necessariamente haverá uma evolução para um caso grave. Tudo depende da virulência, mas a anatomia e quadro postural podem interferir nos sintomas.” Para reverter o quadro de DPOC, a clínica-geral indica o tratamento com fisioterapia respiratória.
De acordo com a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, pessoas com deficiência estão mais vulneráveis ao coronavírus por necessitarem de apoio para se locomover ou o auxílio de um cuidador. Desde o dia 24 de junho, uma medida da secretaria garante que pessoas com deficiência tenham direito a um acompanhante durante a internação por coronavírus.
É preciso que haja pelo menos um esclarecimento maior da necessidade da pessoa com deficiência com a família sobre as limitações do paciente, mas geralmente o paciente não é ouvido”, desabafa Sandra. Durante o período em que ficou internada, ela teve que explicar sua condição em mais de uma ocasião: “Tentaram tirar minha cadeira de rodas do quarto três vezes.”
R7