Há cerca de um ano, o pequeno Ian Marinho Maravilha, com apenas oito meses de idade, se submeteu a uma cirurgia para tratamento de hidronefrose antenatal, uma dilatação dos rins diagnosticada nos ultrassons obstétricos. Diante do diagnóstico, a família ficou muito preocupada e triste, pois acreditava que o menino poderia perder o rim ou ter alguma complicação durante a cirurgia, que deveria ser feita antes dele completar um ano de idade. Felizmente, porém, o tratamento precoce e adequado fizeram a diferença na vida de Ian.
“Pensamos em procurar um especialista quando eu ainda estava grávida, mas como Ian nasceu prematuro, não deu tempo de fazer essa busca. Quando ele nasceu, consultamos um especialista, que nos tranquilizou, mesmo diante dos riscos existentes. Na verdade, a cirurgia deveria ter sido realizada antes, mas como nosso filho apresentou anemia, precisou resolver este problema primeiro. Graças a Deus, ele passou pela cirurgia e os resultados, para nossa alegria, foram positivos. Hoje, Ian está com um ano e oito meses, continua sendo acompanhado, mas está muito bem”, relatou a mãe do bebê, Janaína Marinho.
Apesar de ser um achado relativamente comum nas ultrassonografias pré-natais, a hidronefrose é uma doença pouco conhecida. Considerada uma anomalia congênita que afeta até 5% dos recém-nascidos, ela consiste na dilatação do sistema coletor renal, pode afetar um ou ambos os rins e, geralmente, está relacionada a um processo de maturação insuficiente que pode ou não persistir após o nascimento. Segundo o urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans, cirurgião que operou Ian, o diagnóstico da hidronefrose pode ou não ter um significado patológico, mas “a situação costuma gerar muita ansiedade para os pais e para os médicos que realizam o pré-natal”.
Segundo o especialista, identificar o problema precocemente e conduzir o tratamento adequadamente, conforme orientação médica, é fundamental. “Assim que o bebê com hidronefrose nasce, ele deve passar por um urologista especializado, pois pode ser necessário um tratamento imediato. Na maioria das vezes, porém, são necessários exames que permitam uma melhor avaliação da situação, a fim de orientar a escolha terapêutica. Se negligenciado ou não tratado adequadamente após o nascimento, o problema pode se agravar por meio de infecções urinárias, perda da função renal e até mesmo, nos casos mais graves, situações que podem colocar a vida do bebê em risco”, explicou o médico, que é diretor do núcleo de urologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR) e preceptor de urologia das Obras Sociais Irmã Dulce (Salvador) e do Hospital Estadual da Criança (Feira de Santana).
Ao procurar um profissional experiente e de confiança para conduzir o caso da melhor maneira possível, a família do recém-nascido no qual o problema foi identificado na gestação é orientada a realizar, logo após o nascimento do bebê, a ultrassonografia das vias urinárias, para confirmar e classificar o grau de hidronefrose. A partir do resultado deste exame, são definidas as condutas necessárias para cada paciente. Vale destacar que a maioria dos casos de hidronefrose detectada no pré-natal não possui significado clínico e, por isso, a família não precisa criar uma ansiedade excessiva.
Quando a dilatação é leve, o bebê segue acompanhado e dificilmente terá que se submeter a uma cirurgia. “O risco temido é o de desenvolvimento de uma infeção urinária que, se diagnosticada e tratada adequadamente, tem um bom prognóstico, com baixa probabilidade de causar lesão renal. Se a criança com hidronefrose apresentar febre, irritabilidade, vômitos ou urina com cheiro fétido, a família deve suspeitar de uma infeção urinária e procurar o seu médico assistente com brevidade”, orientou Leonardo Calazans.