O Brasil abriu mais de 131 mil postos de trabalho com carteira assinada no mês de julho, após quatro meses seguidos de cortes. Muito comemorado pelo governo, o movimento de recuperação do mercado formal de trabalho ainda não foi percebido pelos profissionais com mais de 50 anos, únicos que amargaram mais demissões do que contratações no mês passado.
Segundo os dados divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o número de desligamentos entre os trabalhadores mais velhos superou as admissões em 37.610 postos somente em julho. O resultado é fruto de 103.139 demissões e 65.529 contratações para esses profissionais no período.
No acumulado de 2020, a faixa etária responde por quase 390 mil dos mais de 1 milhão de postos perdidos no Brasil em função da pandemia do novo coronavírus. Foram 93.410 desligamentos e 547.000 contratações envolvendo maiores de 50 anos nos sete primeiros meses do ano.
Mara Turolla, gerente de desenvolvimento de talentos e diversidade na LHH, avalia que qualquer crise afeta de maneira mais efetiva os trabalhadores das minorias, camada na qual inclui os trabalhadores mais maduros.
“A pandemia freou a economia como um todo. Agora, no momento em que as empresas começam a recontratar, passam a olhar para aqueles que estão dentro das faixas que não são consideradas como grupos de risco. Ninguém quer contratar uma pessoa com risco alto de mortalidade caso contraia uma doença”, avalia Mara.
Ela ainda lamenta a chegada da pandemia em um momento de conscientização sobre a importância de aproveita a mão de obra dos mais velhos. Segundo Mara, uma retomada dos mais maduros só é esperada após a criação de uma vacina contra a covid-19. “Já observamos algumas empresas voltando parcialmente, mas isso ainda não vai impactar essa faixa etária”, lamenta.
A maior parte dos cortes formais entre os mais velhos em julho ocorreu para vendedores de lojas e mercados (-15.548). Na sequência, aparecem profissionais que atuam na produção de bens e serviços industriais (-5.932), serviços administrativos (-4.985) e ciências e artes (-4.587).
Também foram mais demitidos do que contratados os profissionais com mais de 50 anos ligados a cargos técnicos de nível médio (-3.596), membros do poder público (-1.850) e trabalhadores de reparação e manutenção (-1.138). As únicas vagas abertas para a faixa etária foram abertas para atuar nas áreas agropecuárias, florestal e da pesca (+453).
R7