Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo está internada após cair de prédio em Armação, bairro de Salvador. — Foto: Redes Sociais / Reprodução
A Polícia Civil indiciou o médico Rodolfo Cordeiro Lucas por tentativa de feminicídio. Ele é suspeito de empurrar a ex-companheira, a médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, do 5º andar de um prédio no bairro de Armação, em Salvador. A delegada Bianca Torres, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, que investiga o caso, concluiu o inquérito nesta quinta-feira (3).
O caso aconteceu após uma discussão do casal. A médica Sáttia Lorena foi hospitalizada e continua internada, se recuperando de ferimentos causados pela queda. Ela chegou a ficar em coma induzido e foi ouvida pela polícia cerca de um mês depois. Segundo a polícia, o trauma que ela sofreu comprometeu a memória recente da médica. O teor do depoimento dela, no entanto, não foi divulgado.
O companheiro dela chegou a ser preso em flagrante pelo crime, mas foi solto por decisão judicial.
De acordo com a delegada, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) e não houve pedido de prisão para Rodolfo, porque ele já havia sido preso e liberado por decisão da própria Justiça. Bianca Torres detalhou, ainda, que o MP-BA decidirá se irá denunciar o suspeito à Justiça.
Os advogados de Sáttia Lorena e de Rodolfo Cordeiro informaram que só vão se posicionar quando tiverem acesso ao inquérito.
Além da própria Sáttia, o suspeito também foi ouvido. Testemunhas prestaram depoimentos e laudos de perícia técnica fizeram parte das investigações e do inquérito.
O caso aconteceu na madrugada do dia 20 de julho, após uma discussão do casal. A principal suspeita é de que Sáttia tenha sido empurrada do apartamento pelo companheiro dela, que também é médico. Rodolfo Cordeiro Lucas chegou a ser preso em flagrante por tentativa de feminicídio, mas teve a prisão revogada no dia 27 de julho.
Em depoimento na Delegacia de Atendimento Especial à Mulher, o médico Rodolfo Lucas negou que tenha jogado Sáttia do apartamento e disse que a médica se dopava e estava depressiva, versão negada pela família dela. Ele disse à polícia que a médica se pendurou na janela do apartamento e que ele ainda tentou ajudá-la, segurando as mãos dela, mas mesmo assim ela caiu.
Familiares de Sáttia disseram que acreditam que ela foi jogada do apartamento pelo companheiro, e relataram que a médica vivia em um relacionamento abusivo. Uma vizinha do prédio em que Sáttia morava antes de se mudar com o companheiro também relatou que relação do casal era marcada por brigas, e que chegou a ver a médica pedir socorro.
Imagens da câmera de segurança mostraram a médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo no elevador, um dia antes de cair do quinto andar do prédio, no bairro de Armação, em Salvador.
No vídeo, é possível ver que a médica gesticula bastante ao telefone, como se estivesse em discussão, por volta das 16h40 do dia 19 de julho. Logo em seguida, ela sai do elevador. Em um outro vídeo de câmeras de segurança, é possível ver a área externa da rua do condomínio onde o casal morava, e o momento em que o médico chega de carro ao local, por volta das 20h45.
Além disso, a irmã de Sáttia disse, em depoimento à polícia, que a médica desabafou sobre humilhações que o médico Rodolfo Cordeiro Lucas a submetia. Jacqueline Aleixo depôs na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), do bairro de Brotas. A irmã da médica disse que Rodolfo Lucas controlava as roupas de Sáttia e que ela teve que sair da academia de ginástica e desativar redes sociais por causa do ciúme.
Do G1 Bahia