A denúncia responsabiliza Morales pelas mortes de ao menos 40 doentes por falta de oxigênio medicinal para internados pela covid-19, devido a bloqueios em estradas durante protestos ocorridos em agosto na Bolívia, contra o adiamento das eleições no país.
No documento apresentado ao tribunal, o Estado solicita uma investigação para determinar e sancionar os autores do que considera um crime contra a humanidade, que “provocou o sofrimento de populações afetadas e derivou a morte de ao menos quarenta pacientes por falta de atendimento médico”.
A Procuradoria afirmou em comunicado que “o foragido da justiça boliviana” Evo Morales é acusado de “atos desumanos”, culpando-o pelas consequências desses protestos durante 12 dias consecutivos no início de agosto contra o adiamento das eleições bolivianas de setembro para outubro.
“Este crime foi cometido através de cercas nas diferentes cidades do país e bloqueios de estradas”, que “impediram a passagem de alimentos, oxigênio medicinal, circulação de ambulâncias, médicos e paramédicos que eram essenciais para atender à emergência sanitária gerada pela pandemia do coronavírus”, acrescentou.
Também apresentada denúncia contra Juan Carlos Guarachi, secretário executivo da Central dos Trabalhadores Boliviana, como “principal colaborador”.
As mobilizações foram convocadas por organizações como este sindicato, que se recusou a permitir a passagem de pessoas e material médico, enquanto o governo interino do país considera que foram os protestos foram instigados por Morales, que está na Argentina, e já o denunciou ao Ministério Público boliviano por crimes como genocídio.
O procurador-geral da Bolívia, José María Cabrera, apresentou a denúncia em Haia, onde se encontrou com a procuradora-geral do Tribunal, Fatou Bensouda, de acordo com um comunicado.
“A impunidade não pode prevalecer. Os abusos de poder mais perversos que têm sido cometidos na Bolívia não podem ficar impunes”, escreveu a presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, no Twitter.