Lançado há três semanas no Brasil o novo Peugeot 208 representa um recomeço para uma marca que já teve 5% de market share no país. Um novo produto com plataforma moderna (CMP) e visual atrativo são ingredientes comuns na receita da PSA. O mesmo acontece com o 208 que se propõe a ser um passo à frente dos concorrentes. O R7 testou a novidade durante cinco dias para avaliar seu desempenho, conforto dos itens oferecidos mas principalmente o que o compacto tem além dos rivais para justificar seu preço.
Começa pela moderna plataforma CMP. Em termos de dimensões o 208 é similar aos rivais: 4,05m de comprimento, 1,73m de largura, 1,45m de altura e 2,53m de entre-eixos. No entanto, ele agrada mais nos bancos dianteiros que nesta versão usam couro e Alcantara, muito refinados para o segmento. Se nota pela carroceria que há muita qualidade na construção sem excessivas soldas e dobras de chapa nas portas. Mas há poréns: o acesso à porta traseira é estreito e os mais altos não dispõem de tanto espaço. O porta malas tem 265 litros e também é menor que os concorrentes.
O motor é um velho conhecido da PSA: EC5 1.6 16V quatro cilindros aspirado com 115/118cv e 15,2kgfm de torque com câmbio automático Aisin de seis marchas (não há opção de transmissão manual). Se inicialmente ele larga atrás de concorrentes como Volkswagen Polo, Chevrolet Onix e Hyundai HB20 que usam motor turbo nas versões mais caras, à primeira vista a motorização escolhida agrada. O carro é confortável apesar da evidente falta de força em retomadas de velocidade e certa demora para evoluir nas marchas e entregar potência. Se compararmos com concorrentes de motor aspirado como o Argo 1.8 e HB20X 1.6 X, ele é equivalente, porém bem mais caro.
Justiça seja feita: o carro é bem acabado e muito bem equipado. A sensação de qualidade presente no painel, forrações, no silêncio a bordo, sugerem até um carro de marca premium e neste quesito superior aos rivais. Na versão avaliada ele traz seis airbags, teto panorâmico (não elétrico mas apenas manual), ar condicionado digital, carregador de celular por indução, cluster com informações projetadas em 3D (pela combinação de duas telas), câmera 180 graus e um pacote que também se diferencia dos concorrentes.
Ao trazer o Peugeot Driver Assist ele incorpora assistente de manutenção em faixa para estradas, alerta de colisão e frenagem de emergência, leitor de placas e farol alto automático.
Mas e o motor 1.6?
Usado em diversos modelos da PSA, o EC5 se comporta bem na cidade e na estrada apesar de ser um propulsor de fato ultrapassado. O carro é bem preciso na direção com assistência elétrica e o trabalho da suspensão é notável: com conjunto independente na dianteira e semi-independente na traseira o que resulta em precisão sem abrir mão do conforto. Compacto, acompanha bem as curvas entregando certa esportividade mas sem o brilho nas acelerações. Pelo menos o consumo surpreendeu com médias de 9,3km/litro sob trânsito intenso e 14,5km/litro na estrada o que é bom para um carro com motor aspirado.
Outro ponto a ser destacado é a multimídia idêntica à do Citroën C4 Cactus com tela de 7 polegadas, Apple CarPLay e Android Auto além de Bluetooth. Funciona bem mas destoa do i-Cockpit 3D que é bem mais moderno e com interface atual. O cabo USB “pendurado” na tela também não combina com uma proposta moderna do Peugeot 208.
Preços mais altos
Por fim, o preço do Peugeot 208 1.6 Griffe é R$ 94,9 mil. Caro diante do próprio portfólio pois chega perto do preço do 2008 com o eficiente 1.6 THP de R$ 100 mil, o 208 também é bem mais caro que os rivais. Se for comparado com os compactos de motor turbinado como Chevrolet Onix 1.0 turbo Premier ou Hyundai HB20 1.0 Diamond, ambos na faixa de R$ 81 mil, o hatch estreante custa quase R$ 14 mil a mais. Mas se tirarmos os turbinados da frente, lhe restam o HB20X 1.6 (R$ 77,9 mil) e Fiat Argo 1.8 (R$ 70 mil), ambos aspirados e automáticos, igualmente mais em conta. Ainda em termos de comparação, a versão topo do Peugeot 208 custa acima do valor cobrado por SUVs compactos e quase o mesmo que um Volkswagen Nivus Highline que já tem controle de cruzeiro adaptativo.
Não restam dúvidas de que o Peugeot 208 é diferente e nem falamos do design. Bem feito, com acabamento de boa qualidade e condução dinâmica ele traz alguns diferenciais mas não parecem ser tão relevantes assim com rivais que trazem motorização mais moderna e preço mais em conta.
R7