Os ingredientes da Caatinga não são encontrados em nenhuma outra parte do mundo e ainda são pouco conhecidos além de seus territórios. Por isso, o Terra Madre Brasil 2020 integra as riquezas do semiárido brasileiro em sua programação de Oficinas do Gosto, com o objetivo de gerar reflexão sobre a necessidade de conservação deste bioma.
A Oficina do Gosto do Bioma Caatinga acontece de forma remota no dia 17 de novembro, às 17h30, conta com a presença da cozinheira Bruna Moreira, especialista em charcutaria nordestina, e de Denise Cardoso, presidente da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). A mediação fica por conta de Marcelo Terça-Nada, pesquisador e ativista do Slow Food Brasil. As riquezas do sertão, tais como umbu, maracujá da Caatinga, farinha de mandioca e queijo meia-cura baiano e a manta de bode serão os focos principais do encontro.
“Tive a sorte de viajar bastante pela Caatinga, conhecer de perto as comunidades de produtores e a variedade de paisagens que esse bioma surpreendente guarda. Talvez a maior lição foi ver que, ao contrário da imagem clichê que se difunde do sertão, a Caatinga é cheia de vida, riquezas e força. Ter contato com as pessoas que vivem ali e com tudo o que elas constroem e produzem nesse bioma é transformador. A Caatinga e seu povo são uma aula de resistência”, afirma o mediador da atividade Marcelo Terça-Nada.
Bruna Moreira comanda a atividade culinária com o preparo da manta de bode acompanhada de pirão de leite cremoso e vinagrete de milho verde. Em sua trajetória na cozinha, a profissional divulga o sertão e a charcutaria nordestina desenvolvendo produtos com animais de raças nativas, principalmente caprinos e ovinos.
Após o preparo da receita, Bruna Moreira participa da conversa com Denise Cardoso, originária de comunidade tradicional de Fundo de Pasto – conhecida pela criação de caprinos soltos em pastos e uso comunitário dos territórios e de seus recursos naturais – da comunidade de Caladinho, em Curaçá, Bahia, e presidente da Coopercuc. Denise traz a experiência direta de valorização da biodiversidade e dos ingredientes da Caatinga.
“O Nordeste, e principalmente as regiões de semiárido, sofrem um preconceito muito grande. A fome, a miséria e a seca sempre foram os assuntos mais pautados. Nesse sentido, penso que estamos caminhando para uma mudança. Quando podemos levar nosso bioma em eventos como o Terra Madre, outros profissionais podem conhecer um pouco de nossa riqueza”, ressalta a cozinheira nordestina.
A partir deste fim de semana será possível fazer a pré-inscrição para participar desta Oficina do Gosto e de muitas outras pelo site terramadrebrasil.org.br A inscrição é gratuita permite receber a lista de ingredientes que serão utilizados por diversos cozinheira/os, e aprender novos preparos e receitas próprias da cultura alimentar brasileira.