A justiça da China condenou a jornalista Zhang Zhan a quatro anos de prisão, por “provocar tumultos e buscar problemas”, devido as informações que veiculou sobre o início da propagação do novo coronavírus na cidade de Wuhan, ainda no início do ano.
A informação foi veiculada nesta segunda-feira pelo jornal de Hong Kong Apple Daily, que tem como fonte um dos advogados da profissional de imprensa.
Durante audiência realizada hoje, Zhan se negou a aceitar as acusações e manifestou que as informações que publicou em plataformas como WeChat, que é local, e Twitter ou YouTube, ambas internacionais, não deveriam ser censuradas.
De acordo com a Anistia Internacional (AI), o trabalho da jornalista em Wuhan foi de noticiar a detenção de outros repórteres independentes e de assédio a familiares de vítimas da covid-19, durante o período do primeiro surto mundial do novo coronavírus.
A ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD) divulgou em setembro que Zhan havia sido detida por publicar que os moradores da cidade receberam comida apodrecida durante o primeiro confinamento de 11 semanas imposto no local e também por veicular que cidadãos tiveram que pagar taxas para fazer teste de detecção do novo coronavírus.
O julgamento da jornalista ocorreu nesta segunda-feira (28) em um tribunal da cidade de Xangai, onde a profissional de imprensa tem residência fixada. A sessão aconteceu em meio a forte presença de policiais e com presença autorizada apenas de familiares da ré.
“O governo chinês voltou a realizar uma farsa de julgamento durante o período do Natal, já que as autoridades querem reduzir a atenção para casos sensíveis como esse, enquanto diplomatas e jornalistas estão de férias”, afirmou à Agência Efe Leo Lan, investigador do CHRD.
Detida em maio, Zhan chegou a iniciar uma greve de fome em setembro, quando chegou a apresentar estado de saúde “muito debilitado”. Segundo a defesa da jornalista, ela foi forçada a se alimentar por um tubo e ficar algemada.
Outro advogado da profissional indicou que a cliente, de 37 anos, pretende seguir a greve de fome e morrer na prisão, diante de uma condenação muito grave.
O Ministério Público chinês pediu uma pena de quatro a cinco anos de prisão contra a jornalista, pela publicação “repetida de um grande número de informações falsas”, por aceitar dar entrevistas a veículos estrangeiros e por “exagerar maliciosamente” a situação do novo coronavírus em Wuhan.
Outras pessoas que divulgaram informações sobre a cidade foram presos ou detidos ao longo deste ano, como o empresário Fan Bing, o advogado Chen Qiushi e o jovem jornalista Li Zehua, este último, que foi colocado em liberdade em abril.
R7