O governo de Jair Bolsonaro foi duramente criticado pela ONG internacional Human Rights Watch (HRW), que divulgou nesta quarta-feira (13) a 31ª edição do relatório anual sobre os direitos humanos em mais de 100 países.
A ONG critica a gestão do governo brasileiro durante a pandemia do novo coronavírus e destaca que o presidente tentou sabotar a contenção da pandemia, minimizou os riscos de transmissão da doença e fez diversas trocas na liderança do Ministério da Saúde.
“O presidente Bolsonaro subestimou a covid-19, que ele chamou de ‘gripezinha’; se recusou a tomar medidas para se proteger; disseminou informações erradas; e tentou bloquear Estados de impôr distanciamento social. A administração dele tentou esconder informações sobre a covid-19 do público. Ele demitiu o ministro da Saúde por defender as recomendações da Organização Mundial da Saúde e o substituto se demitiu por se opôr à defesa do presidente de uma droga não eficaz no tratamento da covid-19”, resumiu o documento.
A HRW enfatizou também que a população negra e indígena são as mais vulneráveis na pandemia pela falta de acesso à saúde e ressaltou que a pandemia chegou aos presídios lotados, onde não tem médicos para atender os presos.
O Brasil tem mais de 204 mil mortes e 8,19 milhões de casos de covid-19.
O relatório chama a atenção para o número de assassinatos por policiais no Rio de Janeiro em 2020, que foi o mais alto desde 2003, com 744 mortes, apesar da queda no número de crimes por conta das medidas de restrição durante a pandemia. O número de assassinatos em todo o país subiu 6% no ano passado.
“Enquanto algumas mortes por policiais são em legítima defesa, muitas outras são resultado de uso excessivo de força. Abuso policial contribui para um ciclo de violência que prejudica a segurança pública e coloca em risco a vida de civis e policiais”, diz o documento.
A política ambiental do governo Bolsonaro também foi alvo de criticadas. Em 2020, as queimadas no Pantanal foram “a maior destruição em mais de duas décadas”, afirmou a ONG.
O documento salientou que, desde 2019, “a administração de Bolsonaro enfraqueceu as leis ambientais”.
A Human Rights Watch alertou ainda que 200 pessoas foram assassinadas por causa de terras e recursos na Amazônia. “Na grande maioria dos casos, os assassinos não foram levados à Justiça”, encerrou.
Por conta da gestão ambiental, o Brasil tem sido criticado por governos europeus, como o presidente francês Emmanuel Macron, além do Parlamento Europeu e outros parlamentos pelo continente. Segundo o documento, essas ressalvas fazem com que esses líderes não assinem o acordo com o Mercosul.
R7