Mesmo marcado pela pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 terminou com a criação de 142.690 postos de trabalho com carteira assinada. As contratações, no entanto, ficaram restritas aos profissionais com até 29 anos.
De acordo com dados divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), as contratações formais dos menores de 30 anos superaram as demissões em 1.011.984 entre janeiro e dezembro do ano passado.
A criação de postos entre as faixas etárias mais jovens reverteu as perdas de 869.294 entre os trabalhadores com mais de 30 anos e permitiu que o mercado formal de trabalho fechasse 2020 no azul.
A maior parte dos postos abertos ocorreu para os profissionais com idade entre 18 e 24 anos (720.376), seguido dos trabalhadores com até 17 anos (262.770). Aos com idade entre 25 e 29 anos, houve 28.838 admissões a mais do que desligamentos.
O economista Rodolpho Tobler, do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), classifica a situação como um reflexo da pandemia do novo coronavírus e a situação de recuperação da economia.
“É natural que as empresas acabem priorizando os profissionais com idade mais baixa, porque as pessoas que estão começando têm um preço mais baixo e aceitam salários inferiores, enquanto pessoas com idade mais avançada estão pensando muitas vezes em aposentadoria e não vale a pena aceitar uma remuneração inferior.
Os principais setores responsáveis pela contratação dos mais jovens no acumulado de 2020 foram de produção de bens e produtos de bens e serviços industriais (326.684), técnicos de nível médio (50.593) e trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca (47.961). Por outro lado, demitiram mais do que contrataram trabalhadores com até 29 anos as áreas de serviços e comércio (- 236.707) e membros do poder público e dirigentes de empresas (-59.534).
“É natural que as empresas priorizem os profissionais com idade mais baixa, porque as pessoas que estão começando têm um preço de mão-de-obra menor e aceitam salários inferiores, enquanto pessoas com idade mais avançada estão pensando muitas vezes em aposentadoria e não vale a pena aceitar uma remuneração baixa”, avalia Tobler.
Para os próximos meses, o economista da FGV e prevê uma perda de ritmo das contratações no início de 2021. A percepção leva em conta a dificuldade de reação de alguns setores e o fim dos programas de auxílio criados pelo governo para enfrentar a pandemia.
“A perspectiva da economia ainda não é muito clara, mas como o Ministério da Economia já se manifestou a favor da manutenção do programa de redução das jornadas, isso pode ser uma sinalização positiva para sustentar a recuperação do emprego formal”, afirma Tobler
R7